'Estamos fartos de saber que o povo galego fala un idioma de seu, fillo do latim, irmao do Castellano e pai do Portugués. Idioma apto e axeitado para ser veículo dunha cultura moderna, e co que ainda podemos comunicar-nos com mais de sesenta millóns de almas (...) O Galego é un idioma extenso e útil porque -con pequenas variantes- fala-se no Brasil, en Portugal e nas colónias portuguesas'.
Tenho muita curiosidade por saber o que se pode queimar ou não em público no Reino. O governo español, em representação do Rey (isto é, do Estado) deveria meter na SER uma dessas cunhas publicitárias explicando os males eternos da queima de papel, como os da droga ou do tabaco: Quemar Mata... O Te Enchirona. No Chamusques Tu Futuro.
Seica um papelinho com a figura do Rey não pode ser queimado porque ele é o ?símbolo de la unidad y la permanencia del Estado? (art. 56 da Constitución Española). A bandeira española também não pode ser queimada: lembrem o encarceramento que sofreu Francisco Rodríguez, hoje deputado do BNG em Madrid, acusado de ter queimado uma vistosa rojigualda aquando da chegada dos restos de Castelao a Compostela em 1984. Num curioso programa de televisão anos depois, cujo simples título daria para uma análise de tese (?Queremos saber: ¿Por qué algunos catalanes, vascos y gallegos no se sienten españoles??), Francisco Rodríguez respondeu à entrevistadora Mercedes Milá (hoje algo degradada jornalisticamente) que ele nunca queimara a bandeira. Pois má sorte! De ter estado na cadeia, polo menos ter tido o prazer!
Mas, pergunto-me eu, então a bandeira galega actual, tampouco pode ser queimada? De que tamanho sim e de que tamanho não? Em que milímetro começa o simbolismo? Eu, por exemplo, acabo de queimar uma miniatura de papel da vistosa branca-azul no meu gabinete: os seus restos estão no cinzeiro (fiz foto no telemóvel). E um exemplar do Estatuto de Autonomia, pode ser queimado? E um CD pirata do hino galego flamenco de Arturo Pondal (outro símbolo)? Haveria que fazer a prova, diante das câmaras da TVG, em aberto, durante uma manifestação independentista (queimar a galega, digo, a outra já está mais visto).
De maneira que queimar certos símbolos é ilegal, não porque contamine (Greenpeace não abriu a boca), mas porque a pessoa incineradora manifesta que não compartilha o valor ideológico desse símbolo, ou opõe-se à consagração jurídica desse valor. Então essa opinião distinta ao dogma torna-se num oitocentista ?ultraje? (teríades que tunear a língua española um pouco, chachos). A leitura dos factos é assim singela. No entanto, cada fim de semana bêbedos jovens urbanos muito democratas queimam papeleiras plásticas por apolítico prazer, e a Audiencia Nacional (sic) nem se inteira.
Pola presente
Mas, vamos ver (pergunto-me eu): O que acontece se um apenas declara publicamente que queima algo, mas não o faz? O que significa isto? Por exemplo: ?Pola presente queimo uma imagem de Juan Carlos de Borbón como símbolo da unidade e da permanência do Reino de España, projecto político que detesto?.
Não, não o fiz bem, não ardeu de todo (com suficiente ênfase). Terei que repeti-lo: ?Pola presente queimo uma imagem de Juan Carlos de Borbón como símbolo da unidade e da permanência do Reino de España, projecto político que detesto?. Assim melhor.
Uf, isto é semiótica pura. A repetição exacta indica que a oração não foi gerada aleatoriamente por um vírus de trípi do meu processador WordPerfect As aspas distanciam-me das palavras, de maneira que eu posso argumentar que citei uma hipotética declaração, mas não o declarei de facto (bom, em privado sim, para mim próprio: é delito?). E, ainda por cima, dizendo que declaro que queimo um ícone, estou a queimar o valor dum símbolo? Tremendo sarilho! Venham Peirce e Morris (semiólogos da Audiencia Nacional, sic) a interpretá-lo, eu afurrico.
Em resumo, quantas vezes se podem dizer cousas assim sem que a Audiencia Nacional (sic) venha pedir o DNI? Quantas vezes pode um manifestar uma opinião política antes de que seja ?ultraje?? Porque, porventura alguma autoridade do Reino de España leu a Declaração Universal dos Direitos Humanos? Há tradução española.
Enfim, queimando espero / a Audiencia que mais quero. É claro que a Coroa cambaleia. Resta-lhe menos.
Pola presente queimo uma imagem de Juan Carlos de Borbón como símbolo da unidade e da permanência do Reino de España, projecto político que detesto
Cortamos, pegamos e traducimos ao castelán, para devolver a cortesía, varios fragmentos completamente reais do manifesto Galicia Bilingüe.
LIBERDADE
Fragmento primeiro: ?A Administración debe absterse de impor hábitos lingüísticos aos cidadáns, e de establecer cotas mínimas de falantes. Calquera coacción ou imposición neste sentido debe ser rexeitada, por constituir unha clara vulneración da súa liberdade individual.?
Tradución (estilo Pío Moa): ?La única imposición que ha habido en la Historia de España ha sido la de las lenguas regionales. Los hábitos lingüísticos en la Galicia actual se han naturalizado por un proceso de decantación. En cuanto los gallegos tuvieron la oportunidad de elegir al adquirir cultura, gracias a las reformas del Régimen de Franco, y a pesar del retroceso educativo en la España constitucional, escogieron ser castellanoparlantes. Por lo que respecta a la actualidad, los jóvenes prefieren el español a pesar de que sus padres les forzaron a usar su dialecto campesino -hoy convertido en jerga política- con espíritu contrario al más elemental progreso. En los países civilizados los niños eligen libremente la lengua de su preferencia ya antes de hablar.?
IGUALDADE
Fragmento segundo: ?Cremos que só os falantes das linguas son suxeitos de dereito, e non as linguas en si.?
Tradución (estilo jam-session/Losantos): Todo esto a nadie le importa, a pesar de lo que diga Arturo Pondal. Ya se ha manifestado el Defensor del Pueblo: los niños lo que tienen es que aprender a eructar o estudiar matemáticas. Y puesto que hablan ustedes de Derecho, aunque lo más parecido a un tratado de leyes que han visto en su vida son las instrucciones para ir en el ascensor, sepan que la Constitución establece con toda claridad que nadie en España tiene el deber de conocer otra cosa que el castellano. Que algunos iluminados pretendan hacer hablar a nuestros hijos (a nuestros hijos, que tanto trabajo de tantas generaciones ha costado que dejen de rebuznar) esa cosa del gallego es algo que se podría recurrir en el Tribunal Constitucional. De hecho no tardaremos. Y no alucinen ustedes con la engañifa del bilingüismo. Si tuviésemos algún interés real en el respeto, la igualdad, el patrimonio cultural y todo eso, Galicia Bilingüe se habría constituido como asociación hace muchos años. Pero ya ven: aparecemos casualmente ahora.
FRATERNIDADE
Fragmento terceiro (e fin): ?Os cidadáns deben ter dereito a utilizar calquera lingua que sexa oficial no territorio en que residan nas súas relacións coa Administración, e esta deberá dirixirse aos cidadáns na lingua oficial que estes elixan.?
Tradución (estilo Alatriste): ?Si yo a usted le hablo en castellano haga el favor de responderme como yo le hablo, tía pastelera. Figúrese que soy funcionario y que me trasladan cada tres años: ¿me voy a aprender todas esas lenguas que se hablan por ahí porque se le ponga a usted en los cojones? Dígaselo a un juez, venga. Dígale que se dirija a usted en gallego o que no declara. Dígamelo a mí, que soy teniente picoleto, cuando le sople trescientos euros de multa por pisar la continua. O mejor se lo suelta a su profesor de Derecho Mercantil: `señor profesor, como ciudadana gallega que soy elijo que me dé las clases en gallego´. Elija usted, elija, tonta del culo.?
Outro día falamos do Pazo de Meirás, que non precisa tradución.