Made in Galiza


Eu nunca serei yo
Um caderno de trabalho de Séchu Sende

A minha obra neste caderno está licenciada baixo creative commons, copiceibe.

O autor solicita comunicar-lhe qualquer uso ou modificaçom da sua obra no email de contacto aqui sinalado.

Contacto
madeingaliza
 CATEGORIAS
 FOTOBLOGOTECA
 OUTROS MUNDOS
 BUSCADOR
 BUSCAR BLOGS GALEGOS
 ARQUIVO
 ANTERIORES

Os paus chineses


Mira, um restaurante chinés, podemos jantar neste lugar, dixem-lhe á pequena. E entramos.

- E que tenhem para comer aqui?, perguntou, quando viu o dragom no vestíbulo. Lila tem três anos e os dragóns encantam-lhe!

- Uuuummm, já verás, comida mui diferente, a ver se gostas...

Sentamos. Um camareiro achegou-se. Olá, bom dia, olá.

-Queriamos comer algo..., dixem. O camareiro foi pola carta e trouxo tamém dous envelopes de papel com um par de paus chineses de madeira.

Lila perguntou:

- E isto?

- Som paus chineses, som para comer.

E abriu o seu envelope e ficou olhando para os dous paus.

- Mira, dixem-lhe, é assi, dixem-lhe colhendo-os eu entre os meus dedos... Ves?
Ela intentou termar deles com os seus dedinhos.

-Espera um momento, vou ao banho, dixem-lhe. Venho agora. E levantei-me e deixei-na admirando os paus chineses, com curiosidade.

Nom tardei muito, apenas um par de minutos, mas quando voltei a pequena estava a morder a ponta dum dos paus, ao que já lhe faltavam dous centímetros, e tinha vários anacos de madeira entre os lábios...

- Que fas?, exclamei.

Ela olhou-me sorprendida e dixo:

- Dixeches que eram para comer! E nom sabem a nada!
Comentários (33) - Categoria: Geral - Publicado o 30-04-2012 12:47
# Ligazóm permanente a este artigo
O grilo de Manuela Lores






Era umha mulher forte Manuela Lores.
Erguia 30 quilos de berberechos sobre a cabeça e levava-os a vender 17 quilómetros de Samieira a Pontevedra, 17 quilómetros.

O dia que morreu a mai de Mencia era noite.
Morrera a mai de Mencia e havia que trazer um ataúde de Pontevedra. Nom havia dinheiro para o porte nem animais de carga nas casas vizinhas.
- Vou eu, dixo Manuela Lores.

E saiu de noite polo caminho da noite.

Eram 17 quilómetros de lua grande e chegou á casa do carpinteiro e petou na porta de noite e abrirom a casa das caixas dos mortos.

- Quero levar um ataúde, dixo Manuela Lores.

- E de que preço?, com sono perguntou o carpinteiro.

- O mais barato.

- E de que medida?

E Manuela Lores nom sabia.

- Para umha morta como eu som, do meu tamanho.

- Proba este de aqui, deita-te dentro.

E Manuela Lores entrou na caixa cruçando os braços sobre o peito.

Pagou e botou a caixa á cabeça, Manuela Lores, encima do molido. Aos oito anos começara a levar sobre a cabeça feixes de erva e cestos de roupa e terrons da leira e grao para o muinho e argaço e pedras e muitas outras cousas.

E começou a caminhar Manuela Lores com um ataúde na cabeça os 17 quilómetros de volta a Samieira á luz da lua. 17 quilómetros.

Olhava para adiante Manuela Lores, e ás vezes para abaixo e num passo quase pisa um grilo. Pisou com o calcanhar mas deixou o resto do pé no ar, ergueu o pé e o grilo fixo cri, fixo cri cri e Manuela Lores sorriu e seguiu a caminhar.

Olhava a sua sombra á luz da lua e sobre a sua sombra, a sombra do caixom da morta.

E umha vez fecharom-se-lhe os olhos e avançou quase durmida. Pessava-lhe mais o sono que a caixa de madeira. E com os olhos fechados sonhou que estava dentro do ataúde que levava na cabeça.

Quando fechou os olhos Manuela Lores estava dentro da caixa com os braços sobre o peito, ouvindo os passos de Manuela Lores a cargar com ela mesma. E abriu os olhos.

Era umha mulher forte, Manuela Lores mas tinha sede. E parou a beber na praia de Lanho. Deixou o caixom onde os amieiros e baixou á fonte de água fresca que nascia entre três penas quando baixava a maré, na areia.

E bebeu um grolo longo, Manuela Lores. E logo voltou pór-se debaixo do ataúde, caminhar até a casa da morta, e debaixo das estrelas.

E foi assi e desde aquela Manuela Lores ficou entristecida muito tempo. E durante muito tempo Manuela Lores ficou, como a noite, escurecida.

Pessava-lhe a morte na cabeça.

E foi assi até que um dia foi lavar ao rio com Mencia. E Mencia estava de nove meses e Mencia ali mesmo pariu umha meninha e Manuela Lores cortou-lhe o cordom umbilical com um croio, com umha pedra com gume, com um pelouro. E meteu a roupa numha cesta e a meninha, na outra. E Manuela Lores dixo-lhe a Mencia:

- Deixa-me levar a cesta com a meninha na cabeça.

E era primavera, e um grilo fixo cri cri, e foi assi como recuperou a alegria Manuela Lores.

...

Para Carolina Besada.
Comentários (33) - Categoria: Desenhos - Publicado o 24-04-2012 17:10
# Ligazóm permanente a este artigo
Viagem a Paris. Diário gráfico.


Pois, pois, pois... Aqui vam alguns desenhos dumha viagem a Paris que me levou á Universidade da Sorbona 3 a falar sobre literatura, sadomasoquismo e outras cousas, convidado polo Centro de Estudos Galegos.



Este desenho tirei-no dumha foto de meus pais. Meu pai foi aló nos 60 trabalhar numha fábrica de borracha, peças para avions. De neno cantava-nos cançons em francés. Umha vez vim como chorava escuitando a Georges Moustaki.



A noite antes de saír sempre desenho umha estrela.



Tivem muita sorte, acompanhou-me Celso Fernández Sanmartin. Por isso fazer esta viagem foi como fazer duas ou três viagens ao mesmo tempo.



No autocarro entre Vila de Cruzes e Compostela.



Um rapaz a ler no aeroporto.



E o sal e a pementa.



A gente quando dorme nom se move.



Este é o meu primeiro intento fracasado de desenhar a Celso...



... este saiu bastante parecido, aínda que nom sei quem é.



Marcos Giadás deu-nos casa e calor.
Um dia jantei um bocata de porco vietnamita.
Espertava-me umha pega polas manhás.




Nom, nom choveu. Foi algo que sonhei.



Compartim mesas redondas com Bernardo Atxaga e Isabel García Canet. Na primeira falamos sobre as nossas literaturas; na segunda, sobre a nossa experiéncia como autores traduzidos. Aginha hei pendurar os textos do que lim eu.



Aqui, o bico da Torre desde Les Invalides.



Bernardo Atxaga contou-me que conhecera a José Afonso, -história que contarei outro dia- assi que me pugem a buscar a pegada do Zeca por Paris. Entre outros lugares, acheguei-me á biblioteca do Calouste Gulbenkian, onde pedim esse livro, com o que continuei a escrever umha história do Zeca em Paris...




Aqui, algumhas chaves importantes. A primeira, a que Celso mercou no Mercado das Pulgas.




E aqui Martinha Varela, umha excelente criadora de BD; o polbo que desenhei para o Bar Omadis, na Gout d´Or, onde duas bandeiras galegas; e mais o bilhete da subida á Torre, com a filósofa Maria e mais o poeta de Lalim.










Em Paris conhecim a Sol, que leva anos a estudar os carriços, Troglodites troglodites, e o seu sistema de comunicaçom. A história de Sol e os carriços é maravilhosa. Sabiades que os cantos dos carriços apressentam variantes dialectais? Pois si, algum dia hei falar-vos dos avances da sociobiologia e a comunicaçom animal. Um avance: Castelao equivocava-se: uquase seguro que um cao de Turquia nom ouvea igual que um cam de Dinamarca.






E aqui, outra das grandes histórias desta viagem, a do cherokee Secuoia, o inventor do alfabeto cherokee. Para quem esteja interessado na história e sensibilidade das línguas minorizadas esta história -e este livro fantabuloso ilustrado para crianças- é imprescindível. Um dos melhores livros da minha biblioteca. Paga muito a pena merca-lo por internet.





Este é um agasalho para Carolina, pola história de Manuela, que algum dia contarei com a delicadeza que merece.



E aqui a história da fonte de água natural na praia de Lanho, que nascia dumhas penas entre a areia, e que umha escavadora destruiu para cambia-la por plásticos, urbanizaçom e chiringuito.


Som muitas mais as images e as palavras que vinherom de volta com nós. Espero nom esquecer muito de todo o que nom escrebim ou desenhei. E poder recordar com +s amig+s de Paris os bons momentos que vivemos junt+s. Um abraço a tod+s.


Vemo-nos no caminho!
Comentários (41) - Categoria: Desenhos - Publicado o 19-04-2012 18:15
# Ligazóm permanente a este artigo
© by Abertal

Warning: Unknown: Your script possibly relies on a session side-effect which existed until PHP 4.2.3. Please be advised that the session extension does not consider global variables as a source of data, unless register_globals is enabled. You can disable this functionality and this warning by setting session.bug_compat_42 or session.bug_compat_warn to off, respectively in Unknown on line 0