Eu nunca serei yo |
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Um caderno de trabalho de Séchu Sende
A minha obra neste caderno está licenciada baixo creative commons, copiceibe.
O autor solicita comunicar-lhe qualquer uso ou modificaçom da sua obra no email de contacto aqui sinalado. |
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A tatuagem de meu pai (e 2) |
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Foi graças a Maurício Castro que descobrim que o meu livro "Viagem ao Curdistám para apanhar estrelas" tem muito a ver com um género da ilustraçom de recente apariçom denominado Urban Sketchers ou Desenho Urbano
Este movimento define-se assi:
1. Desenhamos in situ, no interior e no exterior, registando directamente o que observamos.
2. Os nossos desenhos contam a história do que nos rodeia, os lugares onde vivemos e por onde viajamos.
3. Os nossos desenhos são um registo do tempo e do lugar.
4. Somos fiéis às cenas que presenciamos.
5.Usamos qualquer tipo de técnica e valorizamos cada estilo individual.
6. Apoiamo-nos uns aos outros e desenhamos em grupo.
7. Partilhamos os nossos desenhos online.
8. Mostramos o mundo, um desenho de cada vez.
Aí estou, arriba, a desenhar no Curdistám, em Mardim, no hotel onde roubei umha colherinha porque renegavam da língua curda. Tenho muitas cousas que lhe agradecer a meu pai, e esta é umha, porque com ele aprendim a desenhar de pequeninho e já nunca deixei de o fazer. Lembro que de pequeno sempre quigem ter umha tatuagem como A tatuagem de meu pai.

E essa foto de arriba é num bar em Paris na viagem com Celso Sanmartín.
Gostei de descobrer esta comunidade internacional do Urban Sketching, movimento comunitário que existe na própria Galiza, ou em Portugal e em Espanha e e que este ano vai fazer o seu encontro mundial em Barcelona.
Desse impulso por ilustrar algumhas das minhas viagens nascerom outros diários gráficos como o de Paris ou a Viagem a Euskal Herria.

...ou a Excursom aos Pireneus de Aragom ou a I Encontro de Escritor@s da Lusofonia. Mesmo gostei de fazer um diário gráfico de gastronomia num Curso de cozinha para homes ou dum momento histórico emocionante como a Acampada no Obradoiro.
Sempre gostei de desenhar e olhar gente a desenhar, dum jeito mais ou menos lúdico , e levar animais ao interior das casas,
meter um castinheiro no cuarto ou sentir perto os colegas como Tomás Lijó ou gente admirada como Lois Pereiro, dentro dumha caixinha ou cousas que traem a mágia do Courel como Quando Estrela dorme...
E escrevo hoje isto porque no fondo sigo a ser aquel neno que passava horas olhando como pintavas. Continuo a ser aquele neno que de maior queria pintar como ti. |
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Se Galiza fosse um lugar de 100 habitantes? |
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...no 28 por cento dos fogares utilizaria-se a madeira como fonte de energia.
22 persoas estariam em risco de exclusom social e pobreza.
Mais do 21% da povoaçom activa estaria desempregada e o paro feminino duplicaria o masculino.
26 nunca teriam visto um ouriço cacho vivo ou morto numha estrada secundária.
?5 persoas tocariam um instrumento musical.
46 persoas teriam conexiom a Internet.
95 veriam habitualmente a TV
O número médio de tempo diante da TV seria de 2 horas e 34 minutos ao dia.
As 100 persoas tiverom ou terám sonhos eróticos.
6 sonharom ou ham sonhar algumha vez com ouriços cacho.
35 viviriam no rural. 60 trabalhariam no setor serviços. E 10 do agro e da pesca.
16 teriam menos de 20 anos. E 22 mais de 65.
7 persoas practicariam ciclismo de vez em quando.
3 atropelarom ou atropelarám um ouriço cacho na estrada nalgum momento da sua vida.
40 persoas leriam habitualmente revistas do coraçom e 7, revistas culturais.
41 persoas teriam lido um livro no último ano.
19 persoas viviriam em casas com menos de 10 livros e 8 em casas com mais de 500.
6 persoas leriam habitualmente em galego. 59 persoas leriam ocasionalmente em galego.
De cada 100 livros vendidos, 7 estariam escritos em galego.
6 persoas pensariam que os livros podem ser perigosos,
especialmente os que tenhem escritas as palavras
ouriço cacho.
O 7% dos nenos e nenas de 5 a 16 anos entenderiam pouco ou nada o galego falado.
O 16 % dos nenos e nenas de 5 a 16 anos saberiam falar galego pouco ou nada.
No 21 % dos fogares todos os habitantes falariam habitualmente só em galego.
No 10 % dos fogares falaria-se só em castelám.
27 persoas nunca pronunciarom estas duas palavras: ouriço cacho.
35 persoas nunca iriam ao cine e 11 persoas iriam ao cine cada mes.
21 persoas iriam ao teatro algumha vez ao ano.
64 persoas iriam a concertos de orquestras nas verbenas umha vez ao ano polo menos.
4 persoas nom bailarom nem bailarám nunca.
38 persoas pertenceriam a umha ou mais associaçons.
94 persoas estariam a favor de determinadas medidas para a proteçom do médio ambiente. 36 persoas estariam a favor de restringir o uso do transporte privado.
9 mulheres e 8 homes de 16 ou mais anos participarom en actividades relacionadas com o médio ambiente no último ano.
3 persoas saberiam que só morrem esmagados 1 de cada 500 ouriços cacho que cruzam as estradas
36 persoas nom votarom nas últimas eleiçons
e quem governa nesse lugar de 100 persoas
só tivo o voto do 24% do censo.
1 persoa cada vez que ve um ouriço cacho esmagado que nom conseguiu cruzar a estrada
entristece-se um pouco mas
sorri polos 499 que si o conseguirom.
?
séchu sende
Galiza, 2013
Fontes: IGE e outras.
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A tatuagem de meu pai |
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Quando meu pai nasceu a sua madrinha dixo: De maior hei mercar-lhe um acordeom, este neno vai ser artista.
Passarom os anos, algo mais de dez, e um dia aquel meninho decidiu ir á casa da madrinha e dixo-lhe Nom quero ser músico, quero ser pintor. Pode dar-me os cartos para mercar cores?
E com os cartos que lhe deu subiu ao trem e marchou á cidade el só e mercou alguns tubos de óleo e pincéis e voltou á casa. Eram os anos sesenta e abriu um tubo e uliu as cores e a cor verde ulia mui bem.
Quando chegou á casa pediu-lhe á mae umha saba velha e ali pincelou o seu primeiro cadro.
Mamá, tes outra saba? Nom, nom havia mais sabas velhas. Eram os anos sesenta e havia pouco de todo e o meninho procurou e puxo-se a pintar nos azulejos brancos do banho retratos de actores de Hollywood.
Aos quince ou dezaseis começou a trabalhar numha fábrica de coiro e gostava de mesturar os tintes e criar cores novas para tingir as peles e num caderno reuniu umha coleçom de pedaços de coiro de muitas cores. Uns anos depois emigrou á Franza, Paris.
Trabalhou duro numha cadeia de montagem, numha fábrica de borrachas para peças de avions. Mas o dia livre achegava-se à Praça du Tertre olhar como pintavam os pintores nos tempos de Brasens e Moustaki. E em Orsay botou horas diante das cores de Van Gogh.
Em Paris olhou um home tirar-se dumha ponte abaixo. Tinha um amigo pintor polaco. Umha noite sacarom-lhe umha navalha. E aló com os aforros mercou umha caixa portátil de pinturas e fixo umha tatuagem no braço direito, umha paleta com dous pinceis e quatro cores.
E ao pouco regressou, e nas fotografías que trouxo sempre sorri e nas fotografías já estava a tatuagem no braço.
E logo casou e começou a trabalhar numha oficina, com garavata, com outra gente com garavata, e tivo filhos e continuou a trabalhar numha oficina e logo noutra e noutra e noutra com muita gente de garavata e só mui de quando em vez quando nom tinha números entre as maos nem diante dos olhos, podía apanhar um pincel e pintar, mui de quando em vez, as cores.
Fora da casa nom ponhia camisas de manga curta por esconder a sua tatuagem. Nom gostava de dar explicaçons sobre as suas emoçons. As cores levava-as por dentro. E foi passando o tempo.
E passarom os anos. E mais anos. E um dia jubilou-se e foi enchendo a casa com o olor do óleo e o aguarrás, e foi enchendo as paredes da casa com prados e praias e portos e casas e rios e muitas outras cousas e emoçons do país no que vivía? E um dia voltou visitar Paris, com a camisa remangada.
Mas um dia enfermou e outro começou a lhe tremar o pulso. E foi deixando de pintar pouco a pouco até que um dia já nom puido caminhar até as pinturas e quando se deu conta deixou de pintar de todo. Lástima, pensou. Só me faltam uns minutos para acabar esse cadro. Só uns minutos, algumhas pinceladas.
A noite antes de morrer ficou durmido para sempre e, deitado de lado, aínda tivo força para estirar a mao e com um pincel invisível puxo-se a pintar na parede, com toda a sua vida entre os dedos.
Com as suas cores.
Eu penso que acabou o cadro. E deixou de respirar.
E eu estava ali, acarinhando a sua tatuagem. |
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"Viagem ao Curdistám": lançamento em Compostela! |
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4 dias, 4 lugares, 4 temas.
Um mes despois de ver luz, o dia do partido de fútebol internacional organizado por Siareir@s Galeg@s entre Galiza e Curdistám, o meu novo livro, "Viagem ao Curdistám para apanhar estrelas", lança-se em Compostela dumha forma pouco habitual: um lançamento múltiple.
Com a segunda ediçom a ponto de saír, o livro "Viagem ao Curdistám" vai ser apressentado favorecendo quatro achegamentos á complexa realidade da maior naçom sem estado do mundo e á própria aventura de autoeditar um livro como este:

1. Na Livraria Ciranda, o dia 6 de fevereiro, com Víctor Freixanes, diretor da editorial Galaxia, e Miguel Penas, responsável da editorial Através, e presidente de AGAL, e mais o autor, numha mesa para falar sobre "Editar livros na Galiza", onde se falará sobre a crise económica ou sobre o NH e o Ñ, entre outras cousas.
2. Na Bar "As duas", o dia 7, com Pepa Baamonde e Rocio Candales, e mais o autor, para falar dum tema sobre o que muita gente tem perguntado: Qual é a situaçom das mulheres no Curdistám?
3. Na Livraria Pedreira, o dia 8, um achegamento ao conflito lingüístico por parte da sociolingüista Olga Patiño e mais o autor, com a participaçom do curdo Mehmet Akgoz.
4 E na Livraria Couceiro, na rua se o tempo acompanha, o sábado 9, ás 13.00, umha atividade lúdico-narrativa, dirigida ás crianças, com a intençom de dar-lhes a conhecer o Curdistám.
Com os maos cheias de agradecimentos, muitos abraços!
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