Made in Galiza


Eu nunca serei yo
Um caderno de trabalho de Séchu Sende

A minha obra neste caderno está licenciada baixo creative commons, copiceibe.

O autor solicita comunicar-lhe qualquer uso ou modificaçom da sua obra no email de contacto aqui sinalado.

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A língua kurda (3), Mirad Gundikî: Nom podem parar o aumento da língua kurda.


A entrevista fixemo-la em Amed -Diyarbakir no seu nome oficial turco- , capital do Kurdistam.

Mirad descebreu-nos como vive um rapaz novo kurdo-falante a situaçóm actual do conflito lingüístico no Kurdistam no estado turco.

Comentários (9) - Categoria: Geral - Publicado o 25-11-2010 23:44
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Aynur: Keçe Kurdan


Aynur é um dos simbolos do novo Kurdistam. Nas suas palavras: ?A música kurda nutriu-me, gostaria que a música chegasse a um mundo mais amplo, e nom só a música, tamem a cultura que a veu nacer.

Tamém, como mulher que canta música kurda, som mui consciente da violéncia e a opresom que castigou as mulheres e nenos da minha comunidade e a minha esperanza é a paz?


O tema, Keçe Kurdan, original de Sivan Perwer, é todo um símbolo no Kurdistam, a cançom emblema do povo kurdo. Irfan Guler, tradutor do galego ao kurdo, di que Sivan Perwer poderia ser algo assi como um Castelao que hoje fosse músico, comparando cousas incomparáveis, evidentemente.

Keçe Kurdan significa "rapaza kurda". A letra, emocionante:

Erguei-vos, rapazas, fazei ouvir as vossas vozes no mundo.
Esperam-vos cousas difíceis nas alturas.
E é que as mulheres agora avançam, estudam.
Tomarom as plumas para subir mais alto.
Porque assi o queremos, rapazas, acudide á batalha.
Porque assi o queremos, rapazas, saíde á luz com nosoutras.
Si, somos rapazas kurdas.
Somos leoas, estamos vivas, somos a esperanza dos homes.
Somos a rosa dos kurdos.
Elevamo-nos desde a opresom dos ignorantes.
Ergue-te, rapaza kurda.
O meu coraçom derreteu-se.
Onde está a nossa pátria, a nossa liberdade?
Onde há umha mai para nós, as orfas?
Comentários (18) - Categoria: Nom serviam - Publicado o 24-11-2010 19:49
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Palavras


- A ver, como fai a vaca?
- Muuu...
- E como fai o cam?
- Bau!, bau!
- Mui bem! E a ovelha... Como fai a ovelha?
- ...
- Si, venha... A ver, a ovelha. Como fai a ovelha? Recordas?
- Meee....
- Bem! Ves, mui bem, hoje acordaches-te de como falam os animais, mamá.

Comentários (5) - Categoria: Geral - Publicado o 24-11-2010 18:56
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Uma forca em Vila Nova de Cerveira


O ano passado demos com isto com grande sorpresa! Em Vila Nova de Cerveira, a olhar o rio Minho, Tominho e Goiam na outra ribeira: umha forca.
Um "objecto da negra memória" do século XIV. Desacougante!

A música, do Coletivo Sintrom!



Comentários (6) - Categoria: Geral - Publicado o 24-11-2010 09:18
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Mundos de siléncio


Merquei-lhe as sementes
a umha senhora na feira
e sementei na primavera.

Edifícios.

Da terra agromaron edifícios,
com janelas e sombras.

Buscam luz e água
e seguem a medrar.

Saiu-me umha cidade
na horta.

...

Xavi é galego e asturiano. Fixo tres estrelas vermelhas de cerámica e um estudo sobre as pintadas políticas no Ulster. Ajudou-nos a fazer umha fosa séptica no C@urel e a mover muita pedra. É alérgico ás pulgas. Ás vezes entramos no mundo da sua cabeça.

Acaba de apresentar os seus Mundos de silencio em Uvieu. Para aló marcharom algumhas palavras em galego.

...


Xavi, n´asturianu, hom! Mira que...

Comentários (5) - Categoria: Geral - Publicado o 22-11-2010 23:33
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A língua kurda (1): falarei kurdo.


Falamos com Serna na capital do Kurdistam, Amed, tamem conhecida polo nome turco Diyarbakir.

Tenho a impresiom de que esta entrevista poderiam ter-ma feito a mim quando tinha 13 anos e haveria muitas semelhanzas.



Comentários (7) - Categoria: Geral - Publicado o 22-11-2010 00:37
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A língua de Estrela
O primeiro dia na escola.

Um conto escrito para o Kurdistam, pensado desde Galiza. E viceversa.



Era-se umha vez umha nena que se chamava Estrela. Umha nena mui mui pequerrechinha. Do que mais gostava Estrela no mundo nom era do pam ou dos axóuxeres, da teta de sua mai ou das estrelas. Nom. Havia algo do que gostava por riba de todas as cousas: As palavras. Primeiro aprendeu a escoita-las, marabilhada, e despois começou a pronuncia-las com muito cuidado, com medo a rompe-las, pareciam frágeis, descobrendo cada umha delas com muita emoçom.

Descobreu que as palavras dominavam o mundo. Se ela dicia: Água, em seguida alguém lhe achegava um pouco de água. Se a ela lhe diciam: Quero-te, iluminavam-se-lhe os olhos e entrava-lhe um vento no peito. E dava-se conta de que o mundo cambiava ao ritmo em que a gente ia pronunciando palavras. As palavras podiam com todo. Eram poderosas.

Um dia todo o mundo começou a dicer: Que bem fala Estrela, Que pequeninha e quantas palavras sabe. Esta nena é mui lista!

Estrela juntava as palmas das maos e abria-as como se fosse um livro. Mira, um cam, dicia-lhe a sua mai. Mira, um lobo, dicia-lhe a seu pai. E mais adiante, aínda que nom sabia ler, colhia umha folha de jornal ou um livro e fazia que lia e contava-lhe a sua mai um conto dumha cabra que nom podia sonhar, e a seu pai umha história dum melom que tinha dentro um paxaro e á sua irmá, um conto dumha nena que dava a volta ao mundo em bicicleta.

?Manhá começas a escola, Estrela. E vas aprender a ler. E vas aprender a escreber.? Essa noite, com a emoçom, Estrela sentiu como se tragasse as palavras e as tivesse todas no estómago, a revoar como um milhom de bolboretas.



Mas o primeiro dia de escola sucedeu algo inesperado. Quando a mestra abriu a boca a palavra que pronunciou nom era umha das palavras de Estrela. E quando a mestra escrebeu a primeira palabra na pizarra e a leu em voz alta, Estrela descobreu que aquela tamem nom era umha das suas palavras. E as palavras do livro que leu a mestra tamem nom eram palavras do seu idioma.

Era como se as suas palavras nom puidessem entrar naquel lugar. Como se as palavras que levava dentro tivessem que ficar fora da escola. Ela podia entrar, mas as suas palavras nom.

Assi que o primeiro dia na escola Estrela aprendeu a esconder as suas palavras. As palavras do seu idioma. Essa foi a primeira lecçom.

Essa noite as palavras de Estrela moverom-se na sua barriga como bolboretas de todas as cores. E quando ficou durmida sonhou que milheiros de bolboretas saiam livres pola sua boca.

Ao dia seguinte, nada mais entrar na escola, Estrela abriu a boca e ceibou umha das palavras da sua língua, como umha bolboreta arco-iris... E daquela puido escoitar aqueles risos. Ao primeiro, em voz baixa.

Quando ceibou outra das palavras do seu idioma, os risos medrarom e ela deu-se de conta de que se estavam a rir dela.

Estavam-se a rir das suas palavras. E, sem saber mui bem porque, Estrela sentiu um pouco de vergonha. Por primeira vez na vida sentiu um pouco de vergonha das suas próprias palavras. Do seu idioma.

E daquela comprendeu.

Daquela Estrela descobreu por que havia gente que tinha vergonha de pronunciar as suas palavras, por que havia gente que se avergonzava de falar a sua própria língua: porque isso era o que lhes aprendiam na escola desde o primeiro dia. Essa era a segunda lecçom que se aprendia na escola: Avergonzar-se do seu próprio idioma.

...


A Irfan Guler.

...

1º Foto: nena kurda, Onnik Krikorian, arquivo UNICEF
2ª Foto: Nena montada numha bici na Pastoriza. Julio Rojas.

Comentários (10) - Categoria: Desenhos - Publicado o 21-11-2010 12:59
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Conferéncia no Kurdistam e Istambul

Todas as línguas som línguas irmás.

Séchu Sende

Conferéncia na Feira do Livro de Istambul, Turquia, 6 de novembro de 2010
Conferéncia no Concelho de Amed/ Diyarbakir, Kurdistám, 13, novembro de 2010




Com Abdullah Keskin, da Editorial Avesta e Irfan Guler, tradutor, na Feira do Livro de Istambul.


1.

Amigos e amigas, chamo-me Séchu Sende e hoje sinto-me como se tivesse dez anos e estivesse sonhando que som um escritor e um dos meus livros se traduce ao kurdo e ao turco e estou na Feira do Livro de Estambul/ em Amed. Assi que me sinto mui agradecido de que formedes parte deste sonho que talvez está a sonhar um neno que descobreu um dia que os livros podiam cambiar a sua vida.

O meu livro, Made in Galiza, fala da minha língua mas hoje que apresentamos o livro em kurdo e em turco sinto mais que nunca que todas as línguas som línguas irmás. O galego, o turco, o inglés, o espanhol, o kurdo. Todas as línguas som motores de criatividade e de evoluçom.

Em Leom o generoso, o conto do escritor kurdo Siliman Hasan Marcé, o seu pai di-lhe a Qamarzamane: ?Esse rapaz, (Leóm, criou-se entre bestas no Val dos Leóns), é um salvagem, temo que te mate? , e o filho resposta: ?Tenha confiança em mim, pai. Leóm nom me matará porque eu aprenderei-lhe o nosso idioma?. Esse idioma que consegue cambiar a vida de Leóm, humaniza-lo, é o kurdo. Poderia ser, de feito, qualquer idioma do planeta. Mas, neste caso, é o kurdo.

As línguas tenhem a faculdade de transformar as nossas vidas. Porque som cultura, som identidade, som umha das raízes vitais que alimentam a humanidade. E a humanidade é cámbio e criatividade, diversidade e vida.




Com Pepa Baamonde, co-tradutora, Irfan Guler e Abdullah Keskin


2.

Em 2005, o concelho da cidade onde vivo, Santiago de Compostela, publicou um livro para que os nenos e nenas kurdas aprendessem a ler e escreber a sua própria língua.
Os 2.000 ejemplares desta ediçom forom enviados desde Galiza ás académias kurdas que naquela altura estavam a funcionar. Mas nom passarom da alfándega porque as autoridades turcas impedirom que chegassem ao seus destinatários.

Este é um exemplar daquela ediçom, que chegou voando comigo a Istambul, debaixo do braço. Nom é um fantasma. Entregou-mo umha funcionária do Concelho de Compostela. É um supervivente. Todos os seus companheiros desaparecerom.

Venho a Istambul tamém procurando resposta a essa pregunta.
Onde estám os livros desaparecidos?




3.




Estrela

Era-se umha vez umha nena que se chamava Estrela. Umha nena mui mui pequerrechinha. Do que mais gostava Estrela no mundo nom era do pam ou dos axóuxeres, da teta de sua mai ou das estrelas. Nom. Havia algo do que gostava por riba de todas as cousas: As palavras. Primeiro aprendeu a escoita-las, marabilhada, e despois começou a pronuncia-las com muito cuidado, com medo a rompe-las, pareciam frágeis, descobrendo cada umha delas com muita emoçom.

Descobreu que as palavras dominavam o mundo. Se ela dicia: Água, em seguida alguém lhe achegava um pouco de água. Se a ela lhe diciam: Quero-te, iluminavam-se-lhe os olhos e entrava-lhe um vento no peito. E dava-se conta de que o mundo cambiava ao ritmo em que a gente ia pronunciando palavras. As palavras podiam com todo. Eram poderosas.

Um dia todo o mundo começou a dicer: Que bem fala Estrela, Que pequeninha e quantas palavras sabe. Esta nena é mui lista!

Estrela juntava as palmas das maos e abria-as como se fosse um livro. Mira, um cam, dicia-lhe a sua mai. Mira, um lobo, dicia-lhe a seu pai. E mais adiante, aínda que nom sabia ler, colhia umha folha de jornal ou um livro e fazia que lia e contava-lhe a sua mai um conto dumha cabra que nom podia sonhar, e a seu pai umha história dum melom que tinha dentro um paxaro e á sua irmá, um conto dumha nena que dava a volta ao mundo em bicicleta.

?Manhá começas a escola, Estrela. E vas aprender a ler. E vas aprender a escreber.? Essa noite, com a emoçom, Estrela sentiu como se tragasse as palavras e as tivesse todas no estómago, a brilhar como um milhom de estrelas.

Mas o primeiro dia de escola sucedeu algo inesperado. Quando a mestra abriu a boca a palavra que pronunciou nom era umha das palavras de Estrela. E quando a mestra escrebeu a primeira palabra na pizarra e a leu em voz alta, Estrela descobreu que aquela tamem nom era umha das suas palavras. E as palavras do livro que leu a mestra tamem nom eram palavras do seu idioma.

Estrela procurou as suas palavras por toda a escola mas nom as atopou por ningures.

Era como se as suas palavras nom puidessem entrar naquel lugar. Como se as palavras que levava dentro tivessem que ficar fora da escola. Ela podia entrar, mas as suas palavras nom.

Assi que o primeiro dia na escola Estrela aprendeu a esconder as suas palavras. As palavras do seu idioma. Essa foi a primeira lecçom. O primeiro dia na escola Estrela nom abriu a boca.

Essa noite as palavras de Estrela moverom-se na sua barriga como bolboretas de todas as cores a revoar. E quando ficou durmida sonhou que milheiros de bolboretas saiam livres pola sua boca.

Ao dia seguinte, nada mais entrar, Estrela abriu a boca na escola e ceibou umha das palavras da sua língua, como umha bolboreta arco-iris. E daquela puido escoitar aqueles risos. Ao primeiro, em voz baixa.

Quando ceibou outra das palavras do seu idioma, os risos medrarom e ela deu-se de conta de que se estavam a rir dela.
Estavam-se a rir das suas palavras. E, sem saber mui bem porque, Estrela sentiu um pouco de vergonha. Por primeira vez na vida sentiu um pouco de vergonha das suas próprias palavras. Do seu idioma.
E daquela comprendeu.

Daquela Estrela descobreu por que havia gente que tinha vergonha de pronunciar as suas palavras, por que havia gente que se avergonzava de falar a sua própria língua: porque isso era o que lhes aprendiam na escola desde o primeiro dia. Essa era a segunda lecçom que se aprendia na escola. A avergonzar-se do seu idioma.


4.



Sabedes por que despois de mais de 500 anos de represom lingüística a minha língua tem vitalidade? Por que, entre outras cousas, mais do 70% das expresions verbais fica na mente e é mais doado proibir a língua das escolas ou margina-la nos jornais que elimina-la de dentro das nossas cabeças.

Aínda que, evidentemente, a nossa mente nom é invulnerável. E muitas vezes, como virus informativos, os prejuíços franqueam as nossas defensas. Há prejuíços que podem fazer mais dano numha sociedade que umha invasiom militar ou umha epidémia.

Hoje, na Era da Comunicaçom, sabemo-lo. Um prejuíço lingüístico pode provocar tais mutaçons no organismo cultural dumha persoa ou dumha sociedade que podem levar essa persoa ou umha parte dessa sociedade a rechaçar a sua própria língua. E esse rechazo sempre origina umha situaçom de violéncia, empobrecemento, trauma.

O euskera soa mal.
O quéchua nom serve para a vida moderna.
Se falas galego ou es da aldeia ou nacionalista.
O kimbundu nom é útil.
O tibetano é umha língua atrasada.
O kurdo é de brutos.

Os prejuíços lingüísticos -como os prejuíços racistas ou os de género- som sofisticadas armas de destruçom cultural, social e económica.

A escola está a ser em muitos lugares do mundo o principal instrumento de transmisiom da discriminaçom e dos prejuíços lingüísticos, aínda que pode ser umha peça clave na superaçom das actitudes contrárias á igualdade entre as línguas do mundo.


5.



Nos últimos tempos escrebim um Um estudo sociolingüístico da mocidade baixo os efectos da drogas, um Pequeno Manual de Reconhecemento e Defensa contra os Vampiros Lingüísticos; umha Guia Sexual da Sociolingüística, dirigida a adolescentes com recomendaçons para utilizar a língua com naturalidade, sem complexos nem tabus; puxem em práctica um Método de Hipnose para Falar Galego assi como um Curso de Língua Galega para Bebés Impartido por Bebés e umha Guia sobre a Invasiom Lingüística Extraterrestre. Como vedes, precisei dumha alta dose de surrealismo e de humor.

Em todos estes textos, e nas suas performances públicas, assi como no livro Made in Galiza, atopei umha ferramenta -ao mesmo tempo tradicional e de última geraçom- utilíssima e contundente para enfrontar-me ao conflito lingüístico com optimismo: o humor. Umha ferramenta para enfrontar-nos com alegria e rebeldia á discriminaçom lingüística que sofre a língua do meu país. Umha ferramenta imprescindível para construír as casas de palavras que som as línguas.

Como parte dum projecto de experimentaçom com um pé no surrealismo e outro na psicologia social, enfrontei-me aos prejuíços lingüísticos pseudohipnotizado a mais de 2.000 persoas com o objectivo pseudoterapéutico de melhorar as actitudes cara á lingua galega e incentivar o seu conhecemento e aumentar o seu uso. Em múltiples ocasions tenho practicado a telepatia e a hipnose como parte dum espectáculo de ilusionismo comunicativo em cursos de formaçom com profes, profesionais de diversos campos ou estudantes. Com muito humor e umha alta dose de imaginaçom e complicidade.

-Olha fixamente o péndulo: Dez, nove, oito? Fecha os olhos. Queres melhorar as tuas actitudes cara á nossa língua? Queres aumentar o teu conhecemento do nosso idioma? Queres aumentar o uso da nossa língua?

Nunca faltam os sorrisos e, por vezes, as gargalhadas. Rir pode ser mui saudável.

O humor permite-nos um distanciamento desde o que podemos ver o mundo, e a nós mesmos, desde perspectivas diferentes. O humor, tamem, permite ridiculizar o autoritarismo daqueles que nos oprimem, desautorizando-os em quanto nos rimos deles. E rir-nos de nós mesmos tamem é umha boa forma de procurar caminhos de criatividade. Rir pode ser mui saudável.

Mas o riso tamem pode ser dramático: Se vos fixades, é mui diferente ridiculizar o poderoso, o opresor, que ridiculizar o oprimido, o desposuído. Durante muitos anos, e aínda hoje, no meu país houvo gente que ridiculizou quem fala a nossa língua, umha língua discriminada durante mais de 500 anos. E como consecuéncia, hoouvo, há gente que chega a sentir-se ridícula por falar a sua própria lingua e gente que nom fala a nossa língua por medo a que se riam dela.

Esse é o humor dos xenófobos, dos racistas lingüísticos, dos supremacistas, dos segregacionistas que consideram que há línguas superiores, sérias, respetáveis e línguas inferiores, vulgares, ridículas.

O seu objectivo é converter-nos em persoas que sentem vergonha de falar a sua própria língua.

Eu, quando era neno, vivim como minha mai chegava a sentir essa vergonha. E por isso, entre outras cousas, quando tinha dezasete anos decidim falar sempre na língua de minha mai. Com rebeldia e alegria. Porque queria cambiar o mundo com as minhas palavras.

Quando nos damos conta de que a soluçom a muitos problemas está dentro da nossa cabeça todo é mais doado. Para mudar o mundo que nos rodea devemos mudar interiormente. Se queremos cambiar as normais sociais agresivas e discriminatórias com a nossa língua, devemos cambiar nós primeiro, enfrontando-nos aos tópicos, preconceitos e prejuíços que fomos metabolizando da nossa própria sociedade. A rebeldia, a insubmisiom, a desobediéncia, a criatividade, a imaginaçom, a conciéncia lingüística som habilidades persoais e sociais de raíz fondamente psicológica que cada um e cada umha de nós pode reprimir ou alimentar, ignorar ou educar.
Quando os procesos persoais confluem num projecto colectivo cámbia o mundo. Quando muita gente une a sua rebeldia e a sua criatividade, quando participamos socialmente, pola língua, por exemplo, a nossa força de transformaçom social é imparável. Quando nos juntamos somos poderos@s.

6.



Devemos trabalhar para acabar com as situaçons de discriminaçom das nossas línguas. Erguer a nossa voz na procura de igualdade. E devemos liberar-nos dos prejuíços que nos inocularom e inoculam os procesos de represiom cultural, que nom deixam de ser formas de represiom política.

A nossa língua é como qualquer outra do planeta. Só pedimos os mesmos direitos e deveres que tem o polaco em Varsóvia ou o espanhol em Madrid. Nem mais nem menos.

Todas as línguas do mundo som línguas irmás. E assi como existe umha revoluçom de conciéncia ecológica ou umha revoluçom de conciéncia feminista, muitos centos de milheiros de persoas estamos a protagonizar por todo o planeta umha Revoluçom dos idiomas oprimidos, contra a represiom das línguas em vias de normalizaçom lingüística. Porque, simplemente, é algo justo e imparável: a liberdade, a fraternidade e a igualdade entre as línguas beneficiam a civilizaçom humana porque a diversidade lingüística do mundo é um dos mais potentes motores de criatividade e desenvolvemento.


7.

Escoitade agora. Som algumhas das primeiras palavras que aprendeu a minha filha, de dezanove meses.

Queijo, Pippi, mono, papá, pita, mamá, ovo, nena, olho, cam, porco, pato, oso, lua, auga, pé, ras, lobo, banana.

E agora escoitade. Som as palavras dumha nena, Sterik, que aprendeu a falar em língua kurda:

penîr, çûçik, meymûn, baba, çîçok, bavo, dayê, hêk, keçik, çav, kûçik, beraz, werdek, hirç, heyv, av, pê, beq, gur, muz

E agora dicide-me. Estas duas nenas tenhem o mesmo direito a medrar recibindo educaçom na sua língua que qualquer outra nena do planeta?

Si.

Pode alguém justificar que algumha destas duas nenas debe ser discriminada e privada do seu direito a formar-se como persoa aprendendo na escola a língua da sua comunidade lingüística?

Nom.
Por isso...
Eu demando que Estrela e Sterik. poidam aprender no seu idioma as letras com que escrebem os seus nomes.
Eu demando que Estrela e Sterik poidam aprender na escola a contar até o infinito no nosso idioma,
Que na aula de Estrela e de Sterik haja um mapamundi escrito no seu idioma onde sinalar com o dedo as cidades do planeta, aqui está Estambul, aqui, Galiza, aqui Diyarbakir.
Que os filmes e os desenhos animados educativos falem no idioma em que Estrela e Sterik contam os seus sonhos.
Eu demando que Estrela e Sterik tenham acceso ás novas tecnologias através da sua língua.
Eu demando que Estrela e Sterik poidam aprender a cantar cançons tradicionais ou a componher letras de rap na língua própria.
Eu demando que a escola nom obrigue a Estrela e a Sterik a abandonar a sua língua.

E demando isso para todas as nenas e nenos do mundo porque todas as línguas do mundo som línguas irmás.

E em nome desta irmandade das linguas do mundo, quero denunciar hoje em Istambul/Amed a situaçom de discriminaçom que milheiros de nenos e nenas de Galiza estám a sofrer ao serem afastados da posibilidade de adquirir competéncias e formaçom na língua própria de Galiza.


8.



E aqui, hoje, na Feira do Livro de Estambul/em Amed, um dos centros nerviosos da sensibilidade cultural e da admiraçom da criatividade humana do planeta, fago umha chamada aos organismos internacionais -especialmente aos europeus- e á sociedade civil sensível com a diversidade lingüística, para que manifestem a sua repulsa a respeito dos procesos de violéncia estrutural que em diferentes pontos do planeta sometem a umha situaçom de minorizaçom e abuso manifesto, de censura da criatividade, a muitos povos com idiomas irmaos, em vias de normalizaçom, desde o Bretom na Bretanha, ao tibetano no Tibet, o asturianu em Asturies, o quechua em Peru, o espanhol em Porto Rico, o galego na Galiza ou o kurdo.

E hoje aquí reclamo, por todo isto, a oficializaçom da língua kurda e a sua integraçom no sistema escolar.

Porque todas as línguas som línguas irmás hoje leo em alta voz a Declaraçom Universal dos Direitos Lingüísticos: ?Todas as comunidades lingüísticas têm direito a um ensino que permita a todos os seus membros adquirirem o perfeito conhecimento da sua própria língua. Todos e todas têm direito ao ensino na língua própria do território onde residem.?

Porque todas as línguas do mundo som línguas irmás, hoje com este livro escrito no vosso idioma, o kurdo, o turco, eu tamem me sinto irmao vosso. Sinto-me honrado de compartir com vós este momento.

Obrigado. Spas. Tesekuler.



Séchu Sende, escritor da Galiza

Feira do Livro de Istambul, 6 de novembro 2010
Concelho de Amed/Diyarbakir, 13 de novembro 2010


Comentários (134) - Categoria: Geral - Publicado o 21-11-2010 11:58
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Viagem ao Kurdistam. Crónica com rotulador.


Convidados pola Editorial Avesta, viajamos a Turquia e o Kurdistam para apresentar as traduçons do Made in Galiza ao kurdo e ao turco.



Levavamos com nós um exemplar do manual de língua kurda que, editado polo Concelho de Compostela em 2005, foi enviado ás académias kurdas. Os 2.000 exemplares publicados forom incautados na alfándega polas autoridades turcas e nunca chegarom aos seus destinatários. O exemplar que levavamos com nós era um supervivente.



Umha viagem longa... para conhecer umha língua irmá.



Istambul, Galatasaray, Torre Gálata. No cimo da torre vive Miguel de Lira.




Para fazer-se entender, nada como as línguas próprias dos povos... No Kurdistam, numha situaçom de censura e represiom lingüística, cultural e política gravíssima, os kurdos e kurdas agradecem com grandes sorrisos, e sorpresa, que intentes falar na sua língua. Pola contra, algumha gente de traxe e gravata enfurrunhava-se quando saudavamos em kurdo.



Irfan acabando de traduzir a conferéncia para a Feira do Livro de Istambul.

Quando chegamos ao Kurdistam perguntei-lhe:

- Oes, Irfan, e aqui a gente nova junta-se para fazer algo parecido ao botelhom?
- Umm... si. Juntam-se para fazer cockteis molotov.




Muito picante...



E chais todo o dia...



Numha ferrancheria no Kurdistam mercamos um péndulo... por se acaso fosse necesário hipnotizar alguém. Método de hipnose para falar idiomas... Lástima que nom me poda hipnotizar a mim mesmo!



Um burro em Mardim.



No hotel havia um home mui grande. Ao dia seguinte apareceu um anano.




Neste hotel roubei umha culherinha. Porque quando saudavamos em kurdo se enfurrunhavam.



Mulher, alfombras, mediodia em Midyat.



Em Midyat, chais num antigo caravansar.



Em Hasankeyf, umha ponte sobre o rio Tigris, na antiga Mesopotámia. Um camareiro árabe dixo-nos que Amed/Diyarbakir "is a city full of crazy kurds". Um exemplo dos prejuíços contra os kurdos.




Chegando á cidade de Batman, -si, a cidade chama-se Batman- atopamos na verma da estrada um home que vendia animais desecados: castrons, puchinhos, ovelhas, coelhos... Puchinhos desecados! Um taxidermista de animais de granja. Deu-nos o seu bilhete de apresentaçom, com orgulho toureiro.



Sonhando em kurdo, com as letras proibidas, Q W X.



Sempre viajamos com Pippi Langstrumpf.




Em kurdo kurmanci tenhem 18 nomes para nomear os diferentes tipos de bigotes!!!



E mais de dez nomes para os distintos tipos de nariz...




Pouco despois de escoitar KeÇa Kurdan pugemo-os a bailar agarrados polo dedo meiminho.




Irfan agasalhou a Estrela com umha boneca que fala, que canta e baila em kurdo! Chamamos-lhe Sterik, Estrelinha.



E aqui está Sterik a dicer: Eu nunca serei yo, Eu, em Kurdo. Yo, em turco.



O seu nome significa Nom Guerra. Terá uns doce anos. Fixemos-lhe umha entrevista sobre a língua kurda que nunca esquecerei.



Um dos grandes poetas daquelas terras. Perguntou-me algo que nom soubem responder. Aínda nom sei a resposta.




Abdullah Demirbas é o alcalde de Amed, um milhom de habitantes. Saiu eligido por quase o 70 % dos votos, liderando o partido independentista kurdo. No seu anterior mandato fora inhabilitado e encarcerado por editar uns folhetos em língua kurda. Actualmente deveria estar na prisiom, como mais de 150 alcaldes e concelheir@s kurd@s, mas está fora por motivos de saúde.
Por iniciativa do BNG, Compostela e Amed som cidades irmandadas.





Control militar na estrada. Fixem o desenho pola cámara de vídeo, com o zoom.




Em cada vila, em cada cidade, quase em cada aldeia, um acampamento militar no cimo dos outeiros. Nom podem faltar as letras gigantes do nacionalismo turco: Once Vatan, A pátria primeiro.

Os helicópteros que intentei desenhar saiam-me movidos.




Tirei este desenho dumha foto do jornal kurdo. É umha cadea de presos. Som 150 políticos kurdos indo a declarar ao julgado, esposados e escoltados pola policia. Cada vez que declaram ante o juíz falam kurdo e o juíz di nom reconhecer essa língua e voltam á prisiom. O sábado 13 passamos por diante do julgado em quanto tinha lugar umha destas comparecéncias. Milheiros de persoas manifestavam-se no exterior, apoiando-os. As tanquetas ocupavam as ruas próximas. De noite escoitamos loita na cidade.




No aeroporto militar de Amed.



Outra vez em Istambul...



... um zumo de granada.




No aviom, entre os braços.
Conhecimos a Elisabet, umha sueca que trabalha em Bagdag, e cantamos juntos a cançom de Pippi! Um final de viagem mágico!



De volta á Galiza nom me canso de ouvir a Serhado no meu picasso, hip hop em kurdo, arremetedor!



Trougem comigo 5 culherinhas para a minha colecçom...



Comentários (36) - Categoria: Desenhos - Publicado o 17-11-2010 22:22
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Made in Galiza: prólogo da ediçom turca



Amigos e amigas, ola. Bem-vindos a este livro. Há muito tempo tamem caiu nas minhas maos um livro em que comecei a conhecer-vos.

Vivíades dentro, nas palavras impressas. Porque era um livro que falava de vós, si, de vós, de gente da Turquia e de gente do Curdistám. Curiosamente descobrim que os homes, as mulheres e nenos e nenas que apareciam naquelas páginas se pareciam muito aos homes, mulheres e nenos e nenas do meu país, Galiza.

Foi duro ler aquel livro porque era um desses livros que falam da injustiça. A gente falava, explicava, descrevia, narrava a vivência dum conflito que precisavam comunicar, compartir.

Curiosamente, há gente que nom tem essa vivéncia da opressom e nom pode nem imaginar o que significa, entre outras cousas, ser falante dumha língua castigada pola história passada e pola história viva do presente.

Naquel livro conhecim a Fatma. Fatma era umha nena, umha nena que eu imaginei como minha mai quando era nena. Quase com as mesmas palavras que Fatma deixara naquel livro escrevim um poema que gostaria de compartir comvosco.

Fatma

O primeiro día
o mestre pintou unha árbore
con mazás brancas
ao lado da xanela.
Cada un de nós tiña a súa mazá.
Tiñas que aprender a falar turco,
a ser turco.
Ás veces pegábanos.
Ás veces traía caramelos.
Ao final do ano todas as mazás
eran vermellas.
Agás a miña.
Eu son kurda.

Agora que som papá dumha nena de quinze meses, temo que o que lhe sucedeu a Fatma no Curdistám poida chegar a vivi-lo tamém a minha filha Estrela em Galiza e deixe de falar a nossa língua quando chegue á escola.

E a primeira parte deste prólogo já acabou. E a segunda parte começa com umha chamada à Irmandade.

Todos os povos do mundo, todas as línguas do planeta, deveríamos reconhecer-nos como irmaos, como irmás. E o meu irmao de Madrid ou de Istambul deveria pôr-se, por um minuto, no lugar do irmao galego, da irmá curda, e compreender que as funçons que desenvolve com normalidade a sua língua ?na educaçom, nos media, nas ruas, nas empresas,...- som as mesmas utilidades que nós queremos, necesitamos para o nosso idioma. Nem mais nem menos.

Segundo a Declaraçom Universal dos Directos Lingüístico, da UNESCO, "Todas as línguas som a expressom dumha identidade colectiva e dumha maneira distinta de apreender e descrever a realidade polo que devem poder beneficiar-se das condiçons necesárias para o seu desenvolvimento em todas as funçons" e "Todas as comunidades lingüísticas som iguais em directo" e "Devem ser tomadas as medidas para que esta igualdade seja real e efectiva".

No título 2º, a Declaraçom sinala que "Todas as comunidades lingüísticas tenhem direito a que a sua língua seja utilizada como língua oficial". E tamém se di que todas as línguas "Tenhem o direito ao ensino da própria língua e da própria cultura" e que "Todas as comunidades lingüísticas tenhem o direito de dispor dos meios necessários para assegurarem a transmissom e projecçom futuras da língua".

Existe, polo geral, umha tendência unificadora dos Estados para reduzir a diversidade e favorecer as actitudes contrárias ao pluralismo lingüístico. E em culturas como a galega e a curda provocou umha tensom continua entre lealdade lingüistica e submissom lingüística, entre fidelidade e deserçom. Durante muito tempo, na Galiza e no Curdistám, muita gente assumiu como norma social que a língua do Estado ?o espanhol, o turco- é a língua importante, culta, de progresso enquanto se chegava a crer que as nossas línguas ?o galego, o curdo- nom eram ?nom som- línguas para a ciência, a cultura ou o desenvolvimento económico e social. Mas todo isso só som crenças irracionais, ficçom.

No meu país fazemos cine, música punk ou techno, blogs, temos empresas, telemóveis redes sociais que vivem em galego com absoluta normalidade. Somos milheiros que, contra a opressom dumha história e um presente agressivo, vivemos e construímos a nossa vida no nosso idioma, dia a dia. Sem complexos.

As valoraçons e atitudes negativas, os preconceitos, que sofrem as nossas línguas nom deixam de ser o resultado dum processo de agressom cultural ?e nom só cultural- que levou muita gente a assumir que falava ?que fala- umha língua de segunda. Som cousas que passam. Eu mesmo passei os meus primeiros 16 anos sem falar galego porque cheguei a crer ?assi mo transmitiu o meu entorno- que nom era importante que eu falasse galego. Que a minha língua nom era importante.

Mas as cousas cámbiam. E um dia chegamos á conclusom de que si, de que a língua do nosso país é, deve ser, como qualquer outra língua do mundo. E que todo deve cambiar. E outro dia começamos a viver a nossa língua com conciência lingüística, somando as nosas palavras ao processo de criaçom social do nosso idioma. E outro dia damo-nos conta do importante que é ter auto-estima. Valorar no próprio. E outro dia fazemo-nos umha pergunta que muda a nossa forma de pensar: Se o nosso povo se foi empobrecendo por umha história que foi debilitando estrategicamente a nossa língua, que sucederia, entom, se conseguimos fortalecer, entre todos e todas, num proceso de criatividade social o nosso idioma?

E esse dia damo-nos conta de que a vitalidade do nosso idioma é inseparável da vitalidade da nossa sociedade, do nosso povo. Porque a nossa língua é a chave do nosso desenvolvimento social, económico e cultural.

E quando tu falas a língua do teu povo, o teu povo medra, porque o teu povo vive nas tuas palavras.


Ruyalarimda bile dilimi kaybetmeyecegim, Ed. Avesta, 2010, Istambul.
Comentários (8) - Categoria: Geral - Publicado o 04-11-2010 16:39
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Made in Galiza: unidade didáctica


Um trabalho ingente de Pilar Ponte: Lendo Made in Galiza

Elaborado para o Espaço Didáctico da AELG.

Obrigado pola atençom!
Comentários (6) - Categoria: Geral - Publicado o 02-11-2010 19:45
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