John e Tamara cursam 6º de Primaria e venhem de publicar estas bandas desenhadas inspiradas no relato Uff, do Made in Galiza, no blog Fala Londres
Um blog do grupo de alun@s de língua e literatura galega do I.E. Vicente Cañada Blanch de Londres. "
"Uns somos galeg@s nacid@s en Galicia. Outros somos galeg@s nacid@s en Londres. E outr@s queremos saber máis de Galicia. Somos de distintos niveis, dende Primaria ata Bacharelato. Algúns somos galego-falantes e outr@ habemos de selo."
O primeiro livro que publiquei, no projecto editorial colectivo Letras de Cal, a fins dos anos 90, publica-se agora electronicamente em www.poesiagalega.org
Facía unha calor de moita chispa para ser de noite
por iso abriron a ventá da cociña
destaparon unha lata de mexilós e coméronos todos sen pan
picándoos cun pauciño
nisto que se foi a luz e na mesma salsa de escabeche dos mexilós
reflexouse a lúa
Os cavalos estám a viver as nossas vidas, Amastra-N-Gallar, 2011
Vários meses atrás Emilio Araúxo ofereceu-me a posibilidade de criar um texto a partir dumha fotografia dum felo do val de Maceda. E dixo-me: Podes fazer tamém um desenho.
O desenho foi produto dum sonho.
Mas dar com as palavras precisas nom foi doado e o resultado criou-se fóra do meu control. Havia já algum tempo que nom sofria sofrendo ao escreber... Este poema é o resultado dessa procura.
Podedes atopa-lo, em ediçom nom venial, na livraria Couceiro.
Bota-lhe um olho a esta entrevista interessantíssima a Emilio Araúxo.
Assi começou a viagem, olhando um retrovisor. Eva e mais eu acompanhamos vinte alunos e alunas aos Pirenéus. Saímos com um desejo: Que todo vaia bem, que nom haja problemas nem accidentes. Cruzamos os dedos.
Bandeirofóbia.
16 de janeiro. Hoje saímos de excursiom escolar, viagem aos Pirenéus aragoneses, Astum. Quando subo ao autocar dou com duas bandeirolinhas no frontal interior do bus. Rojigualda. Isto na vez dum bus escolar semelha um veículo oficial, penso. O chófer comenta que em Valcarce sobe outro condutor que nos há levar ao destino. Espero.
Saímos de Vila de Cruzes ás 7.00 e em Lugo, pouco despois, colhemos alunado e profes do IES Nossa Senhora dos Olhos Grandes, que tamem vam esquiar. Chegamos a Veiga de Valcarce aginha.
Saudamos o chófer novo que é novo e chama-se J.M. Tem umha gorra com a bandeirinha e duas pulseiras com a bandeirinha. Vaia, penso. Despois do café, subimos ao autocarro e antes de prender o motor digo-lhe, com um sorriso:
- Desculpa, poderias fazer-me um favor? É que o meu psicólogo recomendou-me nom estar em lugares fechados com a bandeira....
El, sério, frunce o cenho e di:
- Pues entonces te vas a otro autobús.
A ideia era fazer umha brincadeira a ver se a colhia de bom humor... Mas está claro que nom.
Eu tamém deixo de sorrir e cámbio a expresiom dos olhos e encolho os ombros... E el di:
- En sério?
- Ahá, digo eu, nom podo estar em lugares fechados com a bandeira... Se isto fosse um bar poderia saír... Dixo-mo o psicólogo...Intento evita-las... Ansiedade... Levo aguantando desde que saímos...
Daquela el ergue-se e retira as bandeirolinhas.
Prende o bus, primeira marcha, segunda... seguimos a viagem.
Mas o ambiente, o clímax, ficou tenso e temos muitas horas de viagem por diante.
Abro o meu block, apanho um rotulador e fago um desenho do condutor guiando o bus, épico, com o parabrisas do autocarro e a estrada, cara adiante.
- Toma, digo-lhe. A ver se che gusta...
J.M. colhe o desenho com a mao direita e di:
-Impresionante! Vaia, que passada, pois gracinhas, ho...
- De nada, digo, e seguimos a viagem.
Fago outro desenho para mim, para ter um recordo da aventura. Bandeirofóbia.
Um depósito de siléncio no méio do caminho.
Em Nafarroa, a cabeça dum camiom.
O meu quadrinho favorito da BD de Jiro Taniguchi Tierra de sueños, que levei de viagem.
Desde a janela do hotel, olhando cara á direita, na estaçom de sky de Astum.
Esta é a vista cara á esquerda desde a janela do hotel.
Tres ósos de olivas.
Alejandro.
Eu, segundo Eva.
A clínica, o primeiro dia que a visitamos, com o susto de Uxia...
... que levou um golpe esquiando. O médico e mais eu puidemos falar galego, el era brasileiro.
Sorte que foi pouca cousa.
Gloria Sen Gracia. Um nome para umha esquela. Diario del Alto Aragón. 18 de janeiro de 2011.
Julio.
Gosto das sensaçons. Mas arrisco muito... E nom tenho medo a caer.
Esta é a minha mao esquerda.
Escordei um dedo. Puido ser pior.
A vida segue.
Era de madeira, com os flecos vermelhos.
Pendurado num bar.
Alejandro fixo-me este agasalho. Gracinhas, meu!
No bar.
Merquei cino livros em aragonés. Este é um livro no que medra a curiosidade, olhai este poema:
CANCION D´O PATRIOTA
Feré una bandera
de tela de saco,
de coda de gato,
de caixal de can,
de pata de zapo.
Feré un escudo
de barilla burro,
de pata de craba,
de lulos de faba,
de puntilla bragas.
Feré un himno
de beliu de güella,
d´esgañutiu de perra,
de pedo de perro,
de rutiu de viejo.
Feré una patria
de güeña vaca,
de cagaleta segallo,
de cresta de gallo,
de bardo con palla.
Ya tiengo nación,
ahora cal
que tienga estado:
mañana emprecipio
a reivindicar-lo.
Antonio Pérez
en París se preguntaba:
"¿quién puede decir que murió en su patria?
Sólo el que nació muerto,
que murió en su patria
tiene por cierto".
Este livro tedes que le-lo, se podedes. Estou seguro de que se parece a vós. Eu tivem a impresiom de que se parece a mim, de que eu me pareço a el.
Tiempo de fabas, Chusé Inazio Nabarro. Tem um artigo mui interessante: As rebindicazions lingüísticas en a poesía en aragonés, que se pode baixar aqui
...
P. D. : A viagem foi tranquila e emocionante. @s rapac@s, um dez. mas esta foi a última viagem á neve que organiza Eva, profe de educaçom física. Cada dia é mais difícil atopar com professorado que se implique em actividades extra-escolares. Deveriamos valorar mais o que aprendemos fora das aulas! E valorar o professorado que facilita este tipo de experiéncias educativas, ar fresco na vida da gente nova.
Eva, gracinhas por todo.
Num dos livros mais freaks e fantabulosos que tivem nas maos, editado por Mondo Brutto, de título igualmente freak, España es Sobrenatural, puidemos dar com um episódio fenomenal e eruditamentemente documentado sobre um dos persoeiros mais sobrenaturais da Galiza: Vicente Risco.
Vicente Risco é apresentado neste livro como o "iogui galego", com ilustraçons do grandíssimo surrealista Miguel Brieva, e nestas páginas sobre "ocultismo ibérico" mergulhamo-nos na vida e obra mais heterodoxa do intelectual ourensao.
Por exemplo, traduço da língua espanhola:
"Num piso da praça de Sam Cosme reúnem-se com outros amigos como Cuevillas ou o próprio Otero Pedrayo. Envoltos em túnicas orientalizantes meditam e fumam kif, a folha da marihuana que, como escrebeu Valle-Inclán, da a ciéncia do ramayana. Decidem formar um grupo budista, noticia que é resenhada na revista Sophia:
"O Grupo Buddista Independente Amritnagar foi fundado em Ourense por quatro decididos estudantes do buddhismo, cheios de grande entusiasmo".
O artigo sobre o Risco mais neosófico e esoterista, asinado por Rafael Vetusto, estende-se em pormenores interesantíssimos durante mais de 40 páginas, -de forma erudita como requer o género- transmitindo algumhas das citas mais memoráveis do autor:
"Orense dista seiscentos kilómetros de Madrid y acaso menos de Nueva York. En todo caso (a revista) La Centuria viene a acortar esta última distancia"
"Portugal é unha Galiza que conserva a súa -a nosa- personalidade, que transforma a súa -a nosa- alma en cultura, e levouna polo mundo".
"En España, (...) se enfrentan hoy dos concepciones del mundo inconciliables ... que acaso pudiéramos designar sin exageración como la doctrina de Cristo y la doctrina del Anticristo"
Agosto de 1936
Um achegamento heterodoxo, rigoroso e curioso ás diferentes vidas de Vicente Risco, que acaba a sua vida "repudiado polos seus antigos companheiros, polo espírito dos mortos e polos superviventes no exílio, demasiado heterodoxo e sospeitoso para os franquistas", segundo Vetusto.
E acabamos com umhas últimas palavras, sorprendentes, escritas por Rafael Vetusto em primeira persoa, que traduço ao galego:
"Recordo perfeitamente a minha visita a Vicente Risco no seu leito de morte. E cómo nos últimos momentos manda dispor comida para sete mensageiros aos que aguarda. Vejo claramente os seus familiares colocando os sete pratos sobre a mesa com certa urgéncia. Acaba de marchar o párroco, nom sem antes dicer as seguintes palavras: "Este home está religiosamente mui deformado". (...) Risco susurra versos dos Vedas."
Um achegamento que, sem dubida, nos fará meditar sobre esta persoa fundamental na história do nosso país.
Omm.
...
Alguns enlaces de interesse:
Um artigo sobre o livro: Algunas reflexiones sobre el ocultismo cañí:España es sobrenatural