Eu nunca serei yo |
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Um caderno de trabalho de Séchu Sende
A minha obra neste caderno está licenciada baixo creative commons, copiceibe.
O autor solicita comunicar-lhe qualquer uso ou modificaçom da sua obra no email de contacto aqui sinalado. |
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Alguns desenhos das últimas semanas nas libretas catrotintas |
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Aqui vai umha mao de publicidade!
O caso é que um dia entrei numha papelaria para comprar umha libretinha moleskine e achei umha sorpresa agradável: as libretinhas catrotintas.
"Som de aqui", dixo a rapaza da papelaria.
Apanhei umha, lim o papelinho explicativo do dorso e, vaia, a libretinha fala galego! Bravo! Ademais, puidem ler que estava feita a mao e, com ela entre os dedos, ademais de mui linda, vim que parecia cómoda e prática. E que o preó çe mui bom.
Mas... o mais importante estava por chegar: a proba de resisténcia! E si, despois de dez dias no meu peto de atrás do pantalóm, a libretinha catrotintas estava como nova.
Despois da libretinha verde, comprei umha laranja e outra amarela. As cores da coleiçóm NEOX FLEX som violentas, rechamantíssimas, e condicionam muito os desenhos que lhe pintes... Mas catrotintas tem libretinhas com diversos tipos de papel, formas, tamanhos... para diversas necesidades. Ademais, polo que puidem olhar no seu facebook, tamém fam libretinhas personalizadas.
No seu facebook podedes olhar o seu dia a dia: catrotintas
Eu quigem escrever isto e colocar alguns desenhos para fazer um pouco de publicidade dumha gente que fabrica e distribue material de qualidade e em galego.
Animaria à gente de catrotintas a seguir apostando polo galego, por exemplo, tamém na sua página web, porque estas som umhas libretinhas com muita identidade. Made in Galiza. Parabéns e obrigado.
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Heidi no supermercado / 18 anos de Xabarín Club |
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Aqui em Vigo mui pouca gente fala comigo na minha língua. Eu às vezes imagino que quando vou à farmácia com mamá quem nos dá o bom dia e nos vende aspirinas e logo nos di adeeeeeeeuuusss com seu sorriso bonito é a abelha Maia.
Despois mercamos-lhe o jornal à formiga atómica no quiosko e na carniceria os bistés vende-os o oso Iogui, uh, uh, uh! Imagino que pola rua a gente é de cores e sorri e com toda a naturalidade do mundo falam a minha língua.

Imagino que no cole o meu profe é Beakman, que me explica matemáticas na nossa língua e às vezes tamém imagino que a companheira que senta ao meu lado é Arale e fala como eu falo.
Mui pouca gente fala comigo em galego aqui em Vigo. Por isso imagino... E hoje quando voltava do cole com papá atopamos a Viky o vikingo na livraria. Dixo-me que el era do Celta de toda a vida. E despois de comer baixei ao parque com mamá e mais o neno do terceiro A, Daniel, o Fedelho. Tamém veu com nós Hattori, o Ninja, que vive no edifício do lado, aqui em Teis. É curioso, falam melhor a nossa língua alguns desenhos animados japoneses que muita gente que leva vivindo aqui toda a sua vida.
De caminho ao parque atopamos a Garfield. Dizem que aqui em Vigo falamos galego quatro gatos mas ali arredor daquel tobogám juntamo-nos com Jerry e Dom Gato e Doraemon e o Gatocám e comigo já eramos seis. Nom todo é o que parece, amigos... Eu penso que em Vigo fala-se mais galego do que parece... Hai muita gente que fala galego na casa e que nom saca a língua a passear, nom a leva ao trabalho, nom lha fala aos nenos e nenas... Como se tivessem vergonha ou algo assi. Por isso eu, que som umha nena e falo galego, imagino que si, imagino que a gente me fala galego...
O outro dia fomos ao centro médico porque tinha muita tose e, tachám!, por vez primeira demos com um doutor que falava galego, era o doutor Slump! E sabedes quem nos atendeu no restaurante ao que fomos jantar o domingo? O Gran Sushi! O seu deve ser um dos poucos restaurantes de aqui de Vigo que tem a carta na nossa língua. No súper da esquina trabalha Heidi, que fala um galego que em vez de dizer ti di tu e em vez de dizer catro di quatro e em vez de dizer pantalóns di pantalois... Que meu pai me dixo que era o galego que se fala nas montanhas do Courel.
Esta semana tamém conhecim um senhor norteamericano que se chama Peter, Peter Parker, é fotógrafo e trabalha para um jornal de aqui. Fala um galego mui divertido com acento inglés. Lástima que no jornal, que é o jornal da nossa cidade, a nossa língua apareça só um pouco mais que no Daily Planet: quase nada!
Ai, e sabedes com quem me atopei o outro dia pola rua do Príncipe? Com os Bolechas!! Esses si que falam galego, mesmo Chispa que ladra bau, bau... E a Tatá pouco lhe deve faltar para dizer as suas primeiras palavras na nossa língua... Isso, claro, se nom lhe passa como a muitas nenas e nenos que, misteriosamente, nom dam falado galego aqui em Vigo.

Aqui em Vigo hai gente que aprendeu a falar galego, gente que aínda nom aprendeu a falar galego e gente que aprendeu a nom falar galego. Aprender a nom falar galego é o pior de todo. Sei-no porque na minha escola hai muitos nenos e nenas que estám aprendendo a nom falar galego. Eu penso que é porque nom tenhem muitos amigos e amigas que falem galego e porque a maioria da gente maior nom lhes fala a nossa língua... Minha mai di que tem que ver com o governo...

O meu melhor amigo é o Xabarín, Xaba, Xaba, Xabarín!. Bem, o meu melhor amigo daquela maneira claro... Porque a minha melhor amiga de verdade chama-se Rosa e senta comigo no cole.
Ela dixo-me um dia que quere aprender a falar como falo eu. Perguntou-me se o que eu falava era inglés. Ela só sabe falar castelhano. É umha dessas persoas que aprendeu a nom falar galego... E isso que leva vivindo em Galiza toda a sua vida!
A ver se aprendes a falar a nossa língua, mulher, digo-lhe eu. E eu falo-lhe sempre em galego para que vaia aprendendo... Eu dixem-lhe: Sócia, tes que ver mais o Xabarín!
...
Publicado no livro "Xabarín 18, 18 anos dun proxecto normalizador", do CEIP Monte Sequelo de Marín e o Colexio Monte da Guía de Vigo, 2013 |
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Vendem-se cadelinhos |
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Desta fim de semana no Courel voltamos com um novo livrinho, um livro publicitário:
Se tedes curiosidade e queredes conhecer a Laia a pastorear um rabanho de 100 cabras e ovelhas, nom podedes deixar de olhar este videinho de 3 minutos asombroso.
Laia é umha border collie que trabalha no Courel, Galiza, na aldeia de Hórreos, com umha família de pastores.
Em Laia conjugarom-se o instinto de pastoreo innato da raça border collie mais umha educaçom de qualidade. O resultado, umha cadela exemplar, alegre e trabalhadora.
Laia tivo vários cadelinhos em setembro de 2013. O pai, border collie, chama-se Io.
Se alguém está interessado nalgum pode-se ponher em contacto com Pedro ou Pilar, de Hórreos nestes teléfones: 648147520, 617211528
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Fazendo o caminho para umha nova Semente em Vigo |
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A situaçom da língua galega nas cidades é especialmente terrível. Por indicar alguns datos do Instituto Galego de Estatística, o 7% das nenas e nenos de 5 a 16 entendem pouco ou nada o galego falado e o 16 % saberiam falar galego pouco ou nada. Por outro lado, nas escolas das grandes cidades a língua galega é veicular em menos do 7% das aulas de infantil.
Os poucos nenos e nenas galego-falantes urbanos sofrem um proceso acelerado de desgaleguizaçom ao se escolarizarem e as crianças catelám-falantes adquirem escasas competéncias em língua galega.
Essa é a tendéncia que vem marcando um caminho de decaimento do uso da nossa língua e de permanéncia e consolidaçom de prejuíços lingüísticos.
Mas a sociedade muda incesamentemente. E hoje somos mais d+s que pensamos quem pensamos e atuamos doutro jeito e nos enfrontamos à corrente do rio.
Umha nova geraçom de pais e mais, tanto galego-falantes como castelám-falantes habituais, estám a visibilizar, de forma minoritária mas emergente -à sombra dos grandes medios de comunicaçom- umha nova sensibilidade a favor da imersom lingüística.
A Semente de Compostela está no seu terceiro ano de funcionamento. E quem está a intervir e a seguir no dia a dia o proceso de imersom lingüística está a comprobar como os nenos e nenas da Semente -de 2 a 6 anos- demostram que, quando existe umha intervençom educativa de qualidade, planificada, participativa e criativa, o modelo de imersom na Galiza é umha ferramenta pedagógica -um proceso de aprendizagem- óptima para o desenvolvemento comunicativo tanto das crianças galego-falantes habituais como das crianças castelám-falantes que tenhem a oportunidade de adquirir o nosso idioma da melhor forma possível, com naturalidade.
A Semente-Compostela é um projeto que se mantem graças ao ativismo e à participaçom de base, a persoas que consideram que nom se pode esperar mais sofrendo a o uniformismo lingüístico, a desgaleguizaçom e a castelanizaçom das nossas filhas e filhas quando se escolarizam, e que somos nós mesmas, nós mesmos, quem temos que criar realidades, modelos e estruturas para que as nossas filhas e filhos, netos e netas, sobrinhas e sobrinhos... continuem -ou comecem- a falar galego e desde a nossa cultura própria lhes abram as portas à diversidade cultural do mundo.
Mais alá do discurso simplista que considera que ao lado do ensino público só pode existir ensino privado, a Semente apresenta-se como umha terceira via educativa, de excepçom como a situaçom na que vivemos, que cada vez mais gente entende como popular, social, comunitária, autogestionada, de base social.
A Semente comparte muitíssimo com as primeiras ikastolas ou com as escolas zapatistas, autónomas, participativas, populares, que se mantenhem com o trabalho militante, o ativismo e o compromiso coletivo.
E agora, em Vigo tamém querem umha Semente. Um coletivo de mais e pais estám a procurar abrir a participaçom no projeto a todas as persoas interessadas em que a semente da lingua medre em Vigo.
Estivemos nas I Jornadas de Educaçom e Língua organizadas polo grupo Pro-Semente em Vigo e recolhemos as nossas impresions com aguarelas e marcador.
Nom fiques à margem, que medre a Semente da língua em Vigo, em Compostela, em Ferrol, em qualquer recanto do país, com a energia da tua participaçom, tamém depende de ti.









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Canguru |
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Pois aqui está, um livrinho infantil (e nom só) ilustrado e com um final diferente...
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Os tesouros de Baronha |
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O verao de 2013 passei quince dias no Porto do Som. Era o primeiro verao sem meu pai. A primeira tarde que fomos à praia de Baronha comecei a desenhar este diário ou carnet de viagem, umha viagem para olhar, com o marcador e as aguarelas entre as maos, os tesouros do castro de Baronha. A mim fixo-me bem desenhar baleas, lagartos e essa senhora a perseguir com um pau algumha gente entre a que poderia estar eu, ou tu...
Aqui estám, alguns dos tesouros de Baronha:
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Duas noites na casa das bruxas |
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Um novo livrinho ilustrado sobre 16 intrépid+s aventureir+s no Courel a passar duas noites na casa das bruxas, onde a vizinha é umha denosinha, onde um incéndio rompeu umha estrela vermelha, os paus tenhem forma de oso, lobo ou esquilo, os tractores levam remolques cheios de livros, as barbantesas indicam o caminho e muitas cousas mais.
Podes olha-lo e mesmo le-lo:
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Os sonhos de Maré |
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E que é isto? Pois um livrinho para compartir. Com desenhos e palavras. Explico-me...
Os desenhos
Estas som algumhas das imagens que fum desenhando nalguns momentos nos que Maré dormia, quase todos à noite. Som alguns desses momentos nos que a fatiga e o sono querem fechar-che nos olhos mas tu nom podes deixar de olhar para a criança, que começa a sonhar.
Som os desenhos dumha criança a dormir, nesse tempo em que a mente continua a aprender.
Como dizia o poeta: Todo cámbia quando eu sonho. Quando sonho cámbio de forma de ser, e cada vez que abro os olhos o mundo é diferente porque eu cambiei.
E porque as crianças se alimentam das nossas palavras e dos nossos siléncios, mas especialmente das palavras e dos siléncios da sua mae, aqui deixo alguns desenhos de quando a criança adormece na teta.
As palavras
?Falarás a nossa língua? é um poema mui arriscado porque fala do futuro no presente.
Todas as nenas e nenos da Galiza deveriam ter logicamente asegurado, desde o ámbito do coraçom até o ámbito dos direitos humanos, que no futuro ham falar a língua própria do país.
Desgraciadamente, a muitas crianças nega-se-lhes esse direito e aprendem a nom falar galego.
Este poema parte da necesidade de comprometer-nos a reflexionar e actuar e asumirmos a nossa parte de responsabilidade no processo de transmisiom da nossa língua aos nenos e nenas.
E se tu... -fales galego, ou mais galego que castelám ou fales castelám habitualmente-, se tu lhes falas galego às crianças estarás fazendo muito para que poidam chegar a falar a nossa língua.
?Falarás a nossa língua? é um poema para acompanhar a tua filha, o teu filho, neta ou neto, sobrinho, afilhada, amiga, no caminho da língua, da alegria, da liberdade, da aventura de crescer.
É necessário cambiar muitas cousas entre muita gente para consegui-lo. E umha das primeiras é falar-lhes a nossa língua às crianças: na escola, nas ruas, na família...
Passa-lhe este livrinho a umha dessas persoas que aínda nom lhe fala galego à tua filha, ao teu sobrinho, à tua vizinha.
Este poema foi escrito para crer em nós e crermos que vamos consegui-lo entre todos e todas. Desde agora, desde já, no presente. Sem esperar mais.
Podes olhar o livrinho aqui:
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alguns desenhos da gz e parte do estrangeiro |
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Podes botar-lhe um olho a esta antologia de desenhos que forom aparecendo entre os meus olhos e as minhas maos nos últimos anos, desde o dia em Rocio me trouxo como presente umha caixinha de aguarelas.
Olha aqui:
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O peso da naçom |
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Amigos e amigas:
Quando me propugerom participar nesta mesa sobre o peso da naçom o primeiro que me veu á cabeça foi o hino da naçom de Breogám que eu, como profe, e para conhecermos a fondo o poema de Pondal nas aulas de literatura, gosto de interpretar com a música mariachi de Allá en el Rancho Grande, seguindo aos grandes Os da Ria.
Como de seguro que neste foro todo o mundo sabe de cor o hino, hoje, rogo que o entendades, nom o vou interpretar.
?Um escritor sem o seu povo é como merda baixo a chuva?, dixo Jonas Pshibiliauskiene-Krikshchiunas. E despois da cita de rigor, continuo.
Os cultivos hidropónicos som aqueles cultivos nos que as plantas ?tomates, por exemplo- nom tenhem as raízes na terra. As plantas penduram nos viveiros conetadas a diferentes cabos e a raíz mergulha-se num recipiente cheio de líquido. Um computador central controla o cultivo. Tamém proliferam os cultivos aeropónicos, plantas com as raízes no ar.
Na Galiza tamém hai gente que nom vive com os pés na terra, como tomates aeropónicos, que nom se alimenta do substrato próprio do país. Gente que nom canta em galego, que nom le em galego, que nom fala em galego.
Quando tinha 17 anos eu era desse tipo de gente. E pensava que isso era o normal... Como muitos mozos e mozas cheguei a pensar que era normal que os rapaces galegos nom falassemos galego ?especialmente as rapazas-, que nom conhecessemos grupos de música em galego ou que nom ligassemos na língua da Galiza. Era normal que nom fossemos ?demasiado? galegos.
Hoje a cousa está bastante pior, porque hai menos gente a falar a nossa língua e, polo tanto, a naturalidade do idioma fica mais longe da mocidade nas suas relaçons sociais, especialmente nas cidades.
Por isso é urgente oferecermos as nossas maos abertas cheias de terra do país. E na terra do país está a língua. Nos graos de terra, as palavras. A terra que pissamos e a terra que sonhamos. O substrato que nos alimenta desde um cenário ou desde o facebook, desde um livro, num talher de soldadura ou na etiqueta dumha Galicola...
E agora explico por que, se queremos cambiar as cousas, cada um de nós, cada umha de nós, tem que falar por dez.
Porque as palavras criam, construem a realidade. Nom é certo que as palavras só descrevam ou repressentem a realidade. Ao colocarmos umha letra detrás doutra, um signo, um símbolo, palavra tras palavra, estamos a construír novas realidades. Nom só a gente que publica livros. Tamém a gente que escreve nos jornais, fala nas aulas, escreve nos muros com spray, redata facturas, pinta coraçons de amor nos banhos ou canta rap.
Som as palavras as que construem a nossa vida. Elas conformam o nosso pensamento e dirigem o nosso comportamento. Disto sabem muito os méios de comunicaçom, grandes construtores e destrutores de hábitos, atitudes, normas e vida social. A vontade dos grandes meios de comunicaçom sempre será monopolizar as palavras. Modificar e dirigir a nossa identidade. Porque as palavras, que levamos na cabeça inevitavelmente, fam-nos ser como somos persoal e socialmente. A linguagem produce a realidade. E tod@s e cada um de nós somos médios de comunicaçom.
A língua galega, pois, nom representa ou define simplesmente a nossa identidade: construe-a. Persoal e socialmente. As línguas som povos de palavras. A minha língua é um povo de palavras.
Songoku ou Shin Chan ajudarom-nos a construír a nossa língua, a edificar a nossa autoestima, a viver com normalidade que um colega japonés falasse o idioma da Galiza. E por essa raçom ?entre outras- o espanholíssimo governo actual da Xunta nom podia consentir que os Teletubies lhes falassem galego aos nossos filhos e filhas. Para a geraçom da minha filha pode que chegue a resultar mais normal despedir-se dicindo By-By que Aaaadeuuuus.
Eu, como cidadám galego, estou a participar num proceso de criatividade social espalhando as palavras da minha língua, dia a dia, como professor, como escritor, como cliente dum supermercado ou dum banco, como usuário de internet ou lector de jornais, como pai, como irmao, como filho, como amigo ou colega, como vizinho no elevador, como cliente da cafetaria, estou a construír, ombro com ombro com milheiros de persoas, este país que umha gente chama Galiza e outra, Galicia, ou outra la Galice.
É curioso. Eu falei espanhol até os 17. Papá e mamá considerarom que educar-me nessa língua era o melhor para mim. O peso dumha história de sometemento e umha realidade de prejuíços sobre o galego foi decisiva. Na sua circunstáncia nom tiverom posibilidade de eligir. Como hoje, desgraciadamente, muita gente.
Entre o conjunto d@s que nalgum dia fomos neo-falantes, seria importante revelar, entre tod@s, quais forom os números da combinaçom que nos abrirom essa porta que ás vezes semelha brindada, a da nossa língua. Justiça social, criatividade, fraternidade...
Assi que eu um dia quando era um adolescente puxem-me a escrever e outro a falar em galego, e logo, hai pouco tempo, pugem-me a escrever o galego com NH e LH, continuando com o meu particular processo educativo.
Em internet hai milhons de comentários sobre o reintegracionismo e o isolacionismo, milhons de palavras sobre que se o Ñ e que se o NH e tumba e da-lhe, as mais das vezes enfrontando estas duas formas de expresom e, polo tanto, criaçom social da língua e do próprio país, como estratégias incompatíveis.
Mas por que hai gente que nom se quere dar de conta de que nom tenhem que ser incompatíveis?
Neste momento histórico de debilidade social da nossa língua nom podemos seguir a marginar gente que pensa, fala, joga, trabalha, escrebe, canta em galego todos os dias, e está a trabalhar incansavelmente participando de forma activa no processo de normalizaçom do idioma, simplesmente porque nom escrevem com Ñ.
É talvez um dos maiores erros da nossa história esta discriminaçom por raçom ortográfica que se deveria recolher na Declaraçom de Direitos Humanos.
E agora gostaria de brindar, simbólicamente, com Galicola pola nossa língua!
Brindar com vós que estades neste congreso de escritor@s, mas tamem com a gente para quem escrevemos: a nossa mae que nom gosta de ler, o nosso pai que nom quere que se deam as matemáticas em galego, a nossa filha que aínda nom sabe ler nem falar, o nosso filho que já nom fala a nossa língua, a nossa curmá nacionalista galega ?essa tam rara- que gosta de Castelao?, o tio nacionalista espanhol, a rapaza romanesa que acaba de chegar, e o resto do mundo.
Devemos construír milheiros de discursos diferentes. Cada persoa debe achegar-se á nossa literatura, á nossa língua, como a umha fonte de criatividade, de originalidade, de transformaçom persoal, de cámbio social, de riqueza, energia e onda vital. E por isso devemos trabalhar muito.
Escrever muito a gente que sabe escrever, e falar muito a gente que sabe falar. Que somos tod@s. Devemos amplificar-nos. Cumpre que as palavras do nosso idioma se multipliquem e saiam além e entrem em contacto com o maior número posível de gente, porque hai muita gente a participar na construçom ?e na destruçom- deste país. E por isso @s galego-falantes, cada um de nós, cada umha de nós, tem que falar por dez.
Ou ter dez filh@s, -como figerom as mulheres curdas-, cousa mais complicada e injusta.
Em todo caso, cumpre participar socialmente, amigos e amigas, oferecendo com as maos abertas a nossa língua.
Quero dicer que si, que Eu nunca serei yo, e que muita gente sentimos e comprendemos que estamos a resistir umha ofensiva alienatória que pretende a devaluaçom da nossa identidade como povo, a disoluçom da Galiza como povo diferenciado do mundo nos límites sociopolíticos espanhois e tal e tumba? Etcétera.
Mas que passa com a gente que non pensa assi? Que nom comparte essa ideologia? Fica fóra do proceso de revitalizaçom da língua? Nom tal. Nem pensa-lo.
O caminho da transformaçom da nossa língua nom é só um caminho pura e ortodoxamente ideológico. E sabe-o quem chegou a falar a nossa língua por raçons socio-afectivas. Ou mesmo por motivaçons económicas. Ou laborais. Ou amorosas. Ou medio-ambientais.
E o futuro do galego ou é um futuro impulsado por milheiros de neofalantes que comecem a falar galego por mui diferentes motivaçons, ou nom será.
Isso si, o futuro da língua está marcado pola luita, sempre no presente, contra a ignoráncia, polo caminho da cultura, a ciéncia, e a educaçom. É um caminho que na ilustraçom e o humanismo e continua no altermundismo e mais alá. Um caminho de aprendizagem social.
Que mo digam a mim que o dia que tenha responsabilidades políticas proporei o Ensino Obrigatório até os 65 anos.
Tristemente, ademais, por primeira vez na história da Galiza a porcentagem de nenos e nenas obesas está a chegar ao 25 por cento, apesar de que o livro de boa cocinha Larpeiros seja o livro mais vendido em muito tempo. E seguramente qualquer socióloga poida relacionar com facilidade o aumento da obesidade e o crescemento da desgaleguizaçom na gente nova como resultado de certas dinámicas socio-éconómicas e culturais.
Tod@s ?com maior ou menor suor- formamos parte dum processo de criatividade social para o que, sobre todo, necessitamos muito humor. E saúde. E, como dicia Novoneyra, amor.
E si, muitas ideias, tamém, claro.
E muito trabalhinho.
Por certo, por se nom quedou claro, todo isto era para recordar que si, que as nossas palavras podem cambiar o mundo. Que as nossas palavras cámbiam o mundo.
...
Intervençom no VII Encontro de Escritoras e Escritores Novos
Novembro de 2009
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Petróglifos da Galiza: ouriços cacho! |
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Manifesto de Corcoesto |
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Festival contra a Mina de Corcoesto
Carvalho, 31 de maio de 2013.
Traio hoje esta rosa que cresceu em Corcoesto
com ar puro sem arsénico nem cianuro!
Um John Deere verde trabalhava a terra hoje
em Corcoesto com a força da esperança, a resisténcia e a rebeldia
e olhei um manifesto a favor de vida num sinal de tráfico: STOP MINA.
Virgílio e Dante descobrem que nas portas do inferno
está escrito ?Deixai toda esperança atrás?.
?Deixai toda esperança atrás?, podemos ler
às portas da empresa Edgewater e nas sedes do Partido Popular.
A nossa esperança está hoje reunida em Corcoesto,
Fronte ao dilema entre o ouro e a vida,
nós luitamos contra a morte
com Nela, Bráulio, Celso, Emma, Ses, Leo e toda a gente
que da passos adiante
e algo está a suceder:
O imprevissível está da nossa parte.
?Os homes som porcos que comem ouro?,
dizia Napoleóm.
Mas nós somos persoas
e o 90% do nosso organismo é agua,
as fontes nascem nalgum lugar dentro de nós
e tamém levamos no nosso interior o mar
desde o manancial de Baralháns ao Monte Branco.
O Capitalismo precisa ouro e dinheiro negro,
cianuro e políticos corrutos para respirar.
Quem nom tem um fascista na familia?
Conhecemo-los demasiado bem
e sabemos o que querem
e como funcionam os seus instrumentos:
O governo aproba 300 mil euros para as associaçons PRO-MINAS,
medo,
especulaçom, propaganda, fume
máfia e sobres, muitos sobres?
?Que pasem los antidisturbios?
?Toma otra cucharadita mas de cianuro,
es por tu bien?
e aquí nom passa nada,
como em Ghana, como em Ghana,
16 mortos em Kyekyenere numha mina de ouro
o pasado mes de abril
e eu nom quero viver numha colónia.
Isto tem que cambiar.
Hoje estamos do lado das mulheres das Encrobas
que se enfrontarom com paráguas à Guardia Civil espanhola.
Tamém formamos parte hoje da irmandade coletiva
que detivo o projeto da central nuclear de Xove,
porque a terra é nossa,
de todas as persoas e de ninguém ao mesmo tempo,
e este pedaço de planeta tocou-nos defende-lo a nós.
Há pouco ganhamos
a batalha contra as fumigaçons com neurotóxicos.
Hoje a roseira de Corcoesto gavea polas nossas pernas pedindo-nos ajuda.
E um John Deere trabalhava hoje a terra em Corcoesto
com a força da esperança, a resisténcia e a rebeldia
e aqui vai um abraço a toda a gente
que sofre golpes, multas, juíços, despejos,
cárcere,
por defender os nossos direitos e a vida.
Queremos seguir arando a terra
e com a flor da pataca faremos umha bandeira.
Queremos viver em paz, mas nom nos deixam.
Já Esopo falou sobre a verdade:
?Nom há ouro bastant para pagar a liberdade?
Cada nota de prensa em defensa do cianuro
é umha ameaça de morte.
Escuitade as cargas de dinamita:
som as palavras do presidente.
A defensa do espólio é umha declaraçom de guerra
E sem justiça nunca haverá paz.
Povo de Sipakapa, Guatemala, estamos com vós!
Gente de Halkidiki, Greça, estamos com vós!
Rosia Montana, Romania, estamos com vós!
Aratiti, Uruguai, Wirikuta e Serra Norte, em México, estamos com vós!
Estamos com vós contra as Corporaçons e a cobiça.
E nesta altura do poema aparece a palavra Soberania,
Soberania para os povos invisíveis do mundo!
Petom do Lobo, Cova Crea, Picoutos, Lampreira,
os mesmos que destruem a terra
querem fazer desaparecer os vossos nomes do mapa.
Os mesmos que agridem a biosfera
atentam contra o nosso idioma.
Aqui bem sabemos que os prados, rios e arboredas,
as fontes e regatos pequenos
defendem a nossa língua
e que a nossa língua defende a nossa terra.
Que o ouro e o cianuro nom nos separem do nosso idioma
porque a língua nos protege!
?Todo o ouro do mundo
non vale o que a túa pel cerca da miña?,
escreveu Maria do Cebreiro.
Todo o ouro do mundo nom vale
a saúde das nossas filhas.
E a ciéncia e o amor estám da nossa parte.
O capital está á procura da trabe de ouro
e da trabe de alcatrám.
O neoliberalismo quer roubar-lhe à moura
o seu peite de ouro. Mas as fadas das pedras
defendem com nós um Plan de Desenvolvimento Alternativo, ecológico
e sustentável.
Porque há alternativa e a imaginaçom está com nós
e o realismo está da nossa parte.
Nom estamos indefensos. Temo-nos a nós.
Vivemos em estado permanente
de defensa própria e nom temos medo.
O verdadeiro ouro está dentro da gente
e sabemos abrir caminos
com a desbroçadora do trisquel afiado,
reunir a energía coletiva das mulheres, homes
nenos e nenas que construem um presente diferente
porque o futuro nunca chega
e agora aqui estamos a criar algo
que se pode tocar com a ponta dos dedos
e somos gente trabalhadora.
Somos gente trabalhadora.
Eles sabem distribuír mui bem a miséria
e crem que quando o ouro fala a língua cala.
Mas ningumha gaiola de ouro pode encerrar as nossas palavras:
A morte é irreversível e a mina é a nossa ruína.
Na Galiza sabemos que as pombas
podem atacar o falcom e vencer,
e tamém o sabe o falcom.
Homes e mulheres em defensa da Galiza
juntos somos poderosos:
Saúde, cultura, rebeldia, cooperaçom, independéncia, liberdade:
Ar puro sem arsénico nem cianuro!
...
A foto, de Juan Luís Rua
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Ouriço cacho no espelho retrovisor |
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Ouriço cacho no espelho retrovisor
Esse ouriço cacho no retrovisor
a cruzar a estrada som eu.
Também podes ser tu.
Por cada ouriço cacheiro esmagado
ao intentar cruzar a estrada
muitos outros conseguimos atravesar a salvo.
Somos a naçom dos ouriços cacho,
o nosso país nom vem nos mapas oficiais.
... É verde e azul. Há muitas pedras e
minhatos, minhocas, caracois.
Eu gosto das vacalouras.
Mas o nosso país foi invadido
polas bolsas de plástico, as latas oxidadas,
os velenos e as máquinas escavadoras e
é verdade que muitos ouriços cacho
aparecemos mortos nas estradas ao mencer.
Sentimos pena e raiva polos que perdemos
mas devemos pensar que os que estamos aqui
somos muitos, muitos, muitos mais e nom,
nom vam poder com nós.
Continuaremos a falar a nossa língua,
livre e selvagem.
Os olhos das nossas filhas e filhos
brilham como as estrelinhas da noite,
nos nossos sonhos cresce a liberdade.
Venceremos à morte.
As pedras, os estalitroques,
a lua, os vagalumes e a vida
estám com nós e
com o nosso idioma, agora e sempre. |
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Falarás a nossa língua! |
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Reimpresiom d´O caçador de bruxas |
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Um dos melhores editores do mundo, Josinho Silva, do Bar 13, vem de reimprimir o meu penúltimo livrinho, que já estava esgotado, O caçador de bruxas, na editora O Lapis do Taberneiro. Umha boa notícia!
O livro está à venda no Bar 13, na rua Santa Clara, em Compostela e proximamente, em www.imperdivel.net
Aqui, para le-lo on line
Aproveitamos para dar-lhe os parabéns a Quico Cadaval por lançar o seu livro 22 romances inconclusos na mesma casa.
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Falarás a nossa língua (2) |
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Falarás a nossa língua
Falarás a nossa língua
porque estamos contigo,
minha filha.
Falaras a nossa língua
e as tuas palavras formarám parte
da natureza.
Serám estrelas nos dentes,
vagalumes frágeis,
sementes de algo
que nom conhecemos aínda.
Atravessarám o céu do teu padal
os nomes dos paxaros,
crescerám os nomes das árvores
na raíz da tua língua
e um dia despois da tormenta
sairá das tuas palavras
o arco da velha.
E falarás a nossa língua.
Como nesse conto infantil
no que ao final consegues superar os obstáculos
e vencer os inimigos
que querem roubar-che as palavras,
falarás a nossa língua.
Falarás a nossa língua
e aprenderás a fazer lume
chocando duas palavras
contra o frio.
Contra a fame
falarás a nossa língua.
Falarás a nossa língua
e moverás a terra com as vibraçons
das tuas cordas vocais
e aprenderás a cambiar o mundo
como a mulher que cambiava as cousas
de sítio.
Falarás a nossa língua
e quando as tuas palavras se sintam soas
-por todo o que sabemos-
procurarás outras vozes como a tua.
Escuita...
É mui emocionante.
Somos muita gente.
Acompanha-te o teu povo
e muitos outros povos como o nosso e
se o povo defende a língua
a língua protege o povo.
Adiante.
Falarás a nossa língua
e a música reventará as tuas palavras
como estalitroques nos dedos, globos de cores,
coqueteis molotov, bombas de palenque
no céu.
E falarás a nossa língua.
Recolherás as palavras que abandona algumha gente
no caminho
e ajudarás a outra gente a recuperar
as palavras perdidas.
Falarás a nossa língua
com homes, mulheres, nenas e nenos
do teu tempo,
do passado e do futuro
Falarás com o vento.
Falarás a nossa língua.
Perguntarás que significam as palavras desconhecidas
porque gostas das aventuras, dos dragons,
dos caroços das maçás,
dos vulcáns em erupçom, dos caracois.
Falarás a nossa língua.
Dormirás com o pijama do ouriço cacho
e um verso no peito
e sonharás que falas qualquer
dos 6.000 idiomas do planeta.
Falarás a nossa língua
com palavras como casas,
como baleas,
caixóns com culheres,
palavras como Pippi Langstrumpf a saltar
enriba da cama entre moedas de ouro,
e algum dia abraçaras-nos com elas.
Falarás a nossa língua
e as tuas palavras abrirám
os caminhos da vida.
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Esplendor Arcano |
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Este desenho é umha alucinaçom para Ramiro Torres, do Grupo Surrealista Galego, autor de Esplendor Arcano, um livro para ler encima de 7 banheiras. Se premes enriba podes olha-lo com mais detalhe.
Neste vídeo, mais surrealismo:
GSG ESPLENDOR ARCANO from MrEIDANPELIS on Vimeo. |
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Viagem ao Curdistám |
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Estamos mui contentas, Laura, Rocio e mais eu porque a aventura da "Viagem ao Curdistám para apanhar estrelas" continua com muita gente no caminho.

Acabam de chegar da imprenta as caixas com 500 exemplares mais, com capas noutras tres novas cores, e neste projeto de autoediçom e autodistribuçom queremos agradecer a toda a gente que nos transmitiu as suas ideias e emoçons sobre o livro e a toda a gente que colaborou na distribuçom.
Podedes ler algumhas informaçons arredor do livro nas seguintes ligaçons:
Entrevista para a Liga Estudantil Galega
Entrevista no jornal digital Praza Pública
Um texto mui especial de Sara Gil, sobre o lançamento do livro no IES Perdouro de Burela no Crónica.com
Umha crónica do lançamento na livraria Suévia na Corunha no Galicia Confidencial
Umha entrevista no Diário de Ferrol
Outra crónica do encontro com alunado do IES Félix Muriel de Rianxo, no blogue Bico da Ria
E umha entrevista na Rádio Galega, no programa Diário Cultural
Queremos agradecer especialmente a toda a gente que nos convidou para lançar o livro nos seus espaços coletivos: livrarias, locais sociais, bares, centros de ensino ou conservatórios de música... E mais que virám!
Aqui temos algumhas fotos de diversos lançamentos, com alguns amigos e amigas que participarom nos lançamentos do livro, aínda que nom som todos +s que forom! Um abraço de dous minutos para vós!

Na livraria Ciranda, com Miguel Penas, Víctor Freixanes e Xurxo Martins

Presentando com Ernesto Espinha, na Livraria Suévia, na Corunha.

No IES Perdouro, com Bernardo Penabade e Matias Nizieza

Com Bernardo Penabade (na foto, do blogue A figueira do rio), Plácido Travieso e o Grupo Vocal Son de Nós, em Viveiro.

Com Rocio Candales e Pepa Baamonde, no Bar As Duas, em Compostela.

No lançamento na Livraria Couceiro, em Compostela.

Na Livraria Pedreira, com Olga Patiño, em Compostela.

Em Ferrol, com Maurício Castro, na Fundaçom Artábria.
...
Como sabedes, as vendas do livro estám destinadas a financiar um intercámbio educativo entre a Escola de Ensino Galego Semente e umha escolinha do Curdistám.
Seguimos no caminho da língua!
Obrigado!
Um abraço a tod+s!
...
Pontos de venda:
O livro está á venda, nesta altura, nos seguintes pontos de venda:
On line: www.imperdivel.net
Em Vila de Cruzes: Livraria O Colexio, Livraria Mahia.
Em Compostela: Gentalha do Pichel, Livraria Couceiro, Livraria Pedreira, COMIC.
Em Bertamiráns: Livraria Lenda, Livraria Máinomen.
Em Alhariz: Livraria Aira das Letras.
Em Vigo: Livraria Mendinho, Avd. Castelao, 7.
Livraria Librouro, Rua de Eduardo Iglesias, 12.
Livraria Andel, Rua Pintor Lugrís, 10.
Na Corunha: Livraria Suévia,
Livraria Sisargas,
Livraria Couceiro,
Livraria de Viages 7 Mares,
Livraria Novo Colón
Em Ferrol: Central Librera, R/ Dolores, nº 2.
Em Carral: Taberna Lume e Ferro e Livraria-Estanco Concha.
Em Lugo: Livraria Trama.
Em Viveiro: Livraria Porta da Vila.
Em Ourense: Vento do Sul - Livraria Torga.
Em Quiroga: Livraria Celia.
Na Bretanha, Breizh: 44 rue Legraverend, Rennes
Em Euskal Herria: Bilbo: Antiliburudenda Dos de mayo kalea.
Em Catalunya: Anônims, menjars i pensars, Carrer Miquel Ricomà 57, 08401 Granollers
Iremos atualizando os pontos de distribuiçom. |
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A tatuagem de meu pai (e 2) |
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Foi graças a Maurício Castro que descobrim que o meu livro "Viagem ao Curdistám para apanhar estrelas" tem muito a ver com um género da ilustraçom de recente apariçom denominado Urban Sketchers ou Desenho Urbano
Este movimento define-se assi:
1. Desenhamos in situ, no interior e no exterior, registando directamente o que observamos.
2. Os nossos desenhos contam a história do que nos rodeia, os lugares onde vivemos e por onde viajamos.
3. Os nossos desenhos são um registo do tempo e do lugar.
4. Somos fiéis às cenas que presenciamos.
5.Usamos qualquer tipo de técnica e valorizamos cada estilo individual.
6. Apoiamo-nos uns aos outros e desenhamos em grupo.
7. Partilhamos os nossos desenhos online.
8. Mostramos o mundo, um desenho de cada vez.
Aí estou, arriba, a desenhar no Curdistám, em Mardim, no hotel onde roubei umha colherinha porque renegavam da língua curda. Tenho muitas cousas que lhe agradecer a meu pai, e esta é umha, porque com ele aprendim a desenhar de pequeninho e já nunca deixei de o fazer. Lembro que de pequeno sempre quigem ter umha tatuagem como A tatuagem de meu pai.

E essa foto de arriba é num bar em Paris na viagem com Celso Sanmartín.
Gostei de descobrer esta comunidade internacional do Urban Sketching, movimento comunitário que existe na própria Galiza, ou em Portugal e em Espanha e e que este ano vai fazer o seu encontro mundial em Barcelona.
Desse impulso por ilustrar algumhas das minhas viagens nascerom outros diários gráficos como o de Paris ou a Viagem a Euskal Herria.

...ou a Excursom aos Pireneus de Aragom ou a I Encontro de Escritor@s da Lusofonia. Mesmo gostei de fazer um diário gráfico de gastronomia num Curso de cozinha para homes ou dum momento histórico emocionante como a Acampada no Obradoiro.
Sempre gostei de desenhar e olhar gente a desenhar, dum jeito mais ou menos lúdico , e levar animais ao interior das casas,
meter um castinheiro no cuarto ou sentir perto os colegas como Tomás Lijó ou gente admirada como Lois Pereiro, dentro dumha caixinha ou cousas que traem a mágia do Courel como Quando Estrela dorme...
E escrevo hoje isto porque no fondo sigo a ser aquel neno que passava horas olhando como pintavas. Continuo a ser aquele neno que de maior queria pintar como ti. |
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A tatuagem de meu pai |
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Quando meu pai nasceu a sua madrinha dixo: De maior hei mercar-lhe um acordeom, este neno vai ser artista.
Passarom os anos, algo mais de dez, e um dia aquel meninho decidiu ir á casa da madrinha e dixo-lhe Nom quero ser músico, quero ser pintor. Pode dar-me os cartos para mercar cores?
E com os cartos que lhe deu subiu ao trem e marchou á cidade el só e mercou alguns tubos de óleo e pincéis e voltou á casa. Eram os anos sesenta e abriu um tubo e uliu as cores e a cor verde ulia mui bem.
Quando chegou á casa pediu-lhe á mae umha saba velha e ali pincelou o seu primeiro cadro.
Mamá, tes outra saba? Nom, nom havia mais sabas velhas. Eram os anos sesenta e havia pouco de todo e o meninho procurou e puxo-se a pintar nos azulejos brancos do banho retratos de actores de Hollywood.
Aos quince ou dezaseis começou a trabalhar numha fábrica de coiro e gostava de mesturar os tintes e criar cores novas para tingir as peles e num caderno reuniu umha coleçom de pedaços de coiro de muitas cores. Uns anos depois emigrou á Franza, Paris.
Trabalhou duro numha cadeia de montagem, numha fábrica de borrachas para peças de avions. Mas o dia livre achegava-se à Praça du Tertre olhar como pintavam os pintores nos tempos de Brasens e Moustaki. E em Orsay botou horas diante das cores de Van Gogh.
Em Paris olhou um home tirar-se dumha ponte abaixo. Tinha um amigo pintor polaco. Umha noite sacarom-lhe umha navalha. E aló com os aforros mercou umha caixa portátil de pinturas e fixo umha tatuagem no braço direito, umha paleta com dous pinceis e quatro cores.
E ao pouco regressou, e nas fotografías que trouxo sempre sorri e nas fotografías já estava a tatuagem no braço.
E logo casou e começou a trabalhar numha oficina, com garavata, com outra gente com garavata, e tivo filhos e continuou a trabalhar numha oficina e logo noutra e noutra e noutra com muita gente de garavata e só mui de quando em vez quando nom tinha números entre as maos nem diante dos olhos, podía apanhar um pincel e pintar, mui de quando em vez, as cores.
Fora da casa nom ponhia camisas de manga curta por esconder a sua tatuagem. Nom gostava de dar explicaçons sobre as suas emoçons. As cores levava-as por dentro. E foi passando o tempo.
E passarom os anos. E mais anos. E um dia jubilou-se e foi enchendo a casa com o olor do óleo e o aguarrás, e foi enchendo as paredes da casa com prados e praias e portos e casas e rios e muitas outras cousas e emoçons do país no que vivía? E um dia voltou visitar Paris, com a camisa remangada.
Mas um dia enfermou e outro começou a lhe tremar o pulso. E foi deixando de pintar pouco a pouco até que um dia já nom puido caminhar até as pinturas e quando se deu conta deixou de pintar de todo. Lástima, pensou. Só me faltam uns minutos para acabar esse cadro. Só uns minutos, algumhas pinceladas.
A noite antes de morrer ficou durmido para sempre e, deitado de lado, aínda tivo força para estirar a mao e com um pincel invisível puxo-se a pintar na parede, com toda a sua vida entre os dedos.
Com as suas cores.
Eu penso que acabou o cadro. E deixou de respirar.
E eu estava ali, acarinhando a sua tatuagem. |
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